César Santos, do "Jornal de Fato", Mossoró, RN, diz em artigo: "José Agripino perdeu perdendo"

Nenhum político do Rio Grande do Norte saiu das eleições mais derrotado do que o senador José Agripino Maia, mesmo sem ter sido candidato a nada.
Saiu menor sob o ponto de vista político e ético.
Político, porque o seu partido, o Democratas, perdeu mandatos; ético, porque ele conduziu o golpe contra a governadora Rosalba Ciarlini.
Somadas as duas coisas, a imagem de político honrado, coerente e vencedor ficou desconfigurada.
Não cabe aqui – nem esse é o papel do colunista – apontar quais motivos levaram o senador a uma postura tão distante do perfil político e histórico.
O fato é que Agripino se apresentou diferente.
Quem imaginaria, por exemplo, o homem público polido, como ele, fazer discurso de baixo nível, como o que ele pronunciou que subiria em pé de coco para pedir votos para seu candidato Henrique Alves (PMDB).
Não era Agripino, aquele que se apresenta na televisão mostrando altivez na oposição ao governo do PT, apontando o dedo para a corrupção e improbidade administrativa.
Se fosse, certamente, não teria se abraçado a mais de dez grandes escândalos representados por seus aliados de palanque.
Aliás, esse foi o grande erro.
Para apoiar Henrique, Agripino teve de eliminar uma companheira política de 40 anos, fiel em todos os momentos de sua carreira pública, da forma mais agressiva possível, com o cajado da ditadura.
O argumento de que não deixaria a governadora ser candidata à reeleição para fortalecer o seu partido foi tão verdadeiro quanto uma nota de R$ 3,00.
Ora, veja, não precisa ser esperto para saber que partido que não disputa governo não se fortalece, muito menos ajuda a eleger deputados.
A prova: o DEM entrou nas eleições com seis mandatos e saiu com quatro, incluindo o de Agripino, que não foi colocado em disputa.
Certamente, o saudoso governador Tarcísio Maia não abonaria a conduta do seu único herdeiro político.
Agora, Agripino tem a missão de reconstruir a carreira política, a partir da recuperação de sua imagem, para tentar chegar inteiro nas eleições de 2018, quando o seu mandato estará em julgamento.
Paralelamente, o senador terá de trabalhar muito para evitar o sepultamento do Democratas e cumprir a palavra, dita no passado recente, que não seria o coveiro do seu partido.
Ele pode até não enterrar, mas o DEM está morto e só o milagre da ressurreição impedirá o seu sepultamento.
Ou, José Agripino Maia pode cremar e jogar as cinzas onde estão depositadas as memórias da Arena e PDS, siglas que existiram sob o manto da ditadura.
As suas cores do passado.
Fonte: César Santos, "Jornal de Fato"

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