FALTAM LÁGRIMAS NO CHORO DO CABOCLO, SOBRA ÁGUA NA FOLIA MIDIÁTICA.


"Seu prefeito deixei meu gado urrando. Derna antonte a cacimba secou. Lá não tem nem merejo pra chupar. Vim me valer de vosmercê". Nos anos trinta, lamento como este, ainda era comum se ouvir. Mas, pode crer caro leitor, em algum ponto do Sertão de meu Deus, que já foi de Padre Cícero, essa ladainha vindicante, de homens lavradores, criadores, ainda é uma máxima que se ouve em todos os quadrantes do cinzento* nordestino. Mas, pra não deixar dúvida do meu posicionamento como cidadão, acima de tudo devotado aos que sofrem em minha pátria cabocla, os Sertões do Seridó. De bom alvitre, devo ressaltar, que nos últimos dois anos, por dever de ofício e convicção, no contexto dessa travessia de secas reiterativas. Em todos os fóruns, temos debatido as formas de melhor fazer uso, da pouca água que nos foi ofertada pela natureza. Como ribeirinho nascido no barranco do Rio Piranhas, lutamos bravamente contra os que de uma forma consciente ou inconsciente faziam uso abusivo das águas. Após longa discussão, a ANA*, impôs ao homem produtor o uso noturno e com limitação de horário. Ou seja, o caboclo sertanejo, tem de furtar-se de suas horas de repouso, para cuidar de sua coleta d`água, sob pena de ver sua gleba de terra ficar sem serventia e as criações padecerem. Agora me chega a notícia, que o órgão que trata da distribuição d´água, para a cidade de Caicó, vai garantir uma cota d`água, salvo melhor juízo, algo em torno de aproximadamente 700m3 por hora, (o equivalente a 70 carros-pipas), para garantir o abastecimento durante a festa da folia. A ocorrer essa primazia de abastecimento extra, quero crer que, na iminência de acontecer nova quadra chuvosa irregular, que já vem sendo anunciada a contra-gotas, seremos todos castigados, mas com mais evidência o homem do campo. 
*ANA - Agência Nacional de Águas.
Fonte: Jair Eloi de Souza 

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