Tragédia em NY mobiliza sociedade contra maioridade penal

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Enquanto todos os países e regiões onde havia maioridade penal discutem hoje o seu fim, a turma do Eduardo Cunha e Bolsonaro vai na contramão, tentando nos puxar na direção do atraso.
No estado de Nova York, o suicídio de um jovem, Kalief Browder, produziu uma grande comoção social, em prol do fim da maioridade penal.
Destaco um trecho do artigo do jornal O Dia, que reproduzo abaixo:
"Na prisão, Kalief aguardou por três anos ser julgado, uma sitação tão comum nos Estados Unidos como no Brasil, onde quatro em cada dez dos 600 mil encarcerados que superlotam o sistema carcerário sequer foram julgados.
(…)
Quatro dias depois de o jovem completar 20 anos, um promotor admitiu que não tinha provas contra ele e pediu ao juiz sua soltura".
Essa é importante para todos aqueles que acham que não devemos discutir decisões judiciais…
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No Jornal O DIA.
Kalief Browder, vítima da maioridade aos 16 anos
O ex-presidente Lula disse ontem que "o Congresso quer jogar nas costas de meninos de 16 anos a responsabilidade do que os governos não fazem". Com isso, ele se juntou ao governador de Nova Iorque, Mario Cuomo, numa mesma causa: a maioridade penal aos 18 anos.
Nova Iorque é um dos dois únicos estados americanos em que jovens de 16 anos são processados como adultos e vão para cadeias. Cuomo luta para elevar a idade penal para 18 anos, mas a Câmara estadual resiste. O governador tentou um novo acordo com o Legislativo em junho, mas os dois poderes anunciaram o fracasso na segunda-feira. A nova tentativa veio depois da comoção causada pelo suicídio de Kalief Browder, um jovem negro, no início do mês passado.
O movimento "Raise the age" apoia a proposta do governador, que, no site oficial do estado, declarou que "aumetnar a idade penal vai favorecer tanto o sistema judicial quanto a segurança pública".
Kalief Browder morava no Bronx, em Nova Iorque. Em 15 de maio de 2010, ele foi preso com um amigo na Arthur Avenue. Eles foram acusados do assalto de um mexicano. Os bolsos deles estavam vazios. O rapaz, negro como a maior parte dos moradores daquela região, foi levado para delegacia e, no dia seguinte, a um juiz. O colega dele foi solto para responder a acusação em liberdade, mas Kalief já tinha se envolvido com a polícia antes ao participar, com um nbando de meninos de sua idade, do roubo de uma caminhonete de entregas para um passeio. Foi enviado para uma prisão na conhecida ilha de Rikers.
Na prisão, Kalief aguardou por três anos ser julgado, uma citação tão comum nos Estados Unidos como no Brasil, onde quatro em cada dez dos 600 mil encarcerados que superlotam o sistema carcerário sequer foram julgados. Durante esse período, ele penou com as duras condições de Rikers, sofrendo abusos dos guardas e dos outros presos com experiência no mundo do crime e dos cárceres. Começou a apresentar acessos de ansiedade, que eram recebidos como sinal de rebeldia pelos guardas, que o confinaram por vários períodos em solitárias.
Quatro dias depois de o jovem completar 20 anos, um promotor admitiu que não tinha provas contra ele e pediu ao juiz sua soltura. Kalief voltou para casa. Tinha perdido três anos de escola. Nunca admitiu qualquer envolvimento com o roubo.
O caso de Kalief foi revelado pela revista New Yorker e ele recebeu a solidariedade até de astros como Jay-Z. Mas ele apresentava sinais de instabilidade. Passava longos períodos no quarto e tinha dificuldades de relacionamento. "Estar em casa é melhor do que na prisão", disse ao repórter Jennifer Gonnerman. "Mas em minha mente parece que eu ainda estou na prisão, porque eu ainda sinto os efeitos do que aconteceu lá".
Em 5 de junho do mês passado, ele disse à mãe que "não estava aguentando". Na tarde do dia seguinte, ele retirou o ar condicionado de um quarto do segundo andar e se jogou pelo buraco com uma corda amarrada ao pescoço.
A morte de Kalief levou os legisladores de Nova Iorque e o governador Cuomo a tentarem um acordo para aumetnar a idade penal no estado. Na segunda-feira, um porta-voz anunciou que não houve acordo. "O suicídio de Kalief Browder ilustra como o sistema criminal para adultos destrói o corpo e a mente dos jovens", disse Antonio Pinto, da organização Corretional Association, de Nova York. "É terrível que o Estado não tenha resolvido isso".

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