"A impressão que temos é que foram plantados em campanhas por adversários políticos (do PT)".
A entrevista com o presidente da empresa JBS, Wesley Batista, foi divulgada pelo portal BBC Brasil. Confira alguns trechos:
A
empresa JBS, dona da marca Friboi,é a maior produtora de carne bovina e a
maior processadora de proteína animal do mundo. consumo de frango –
também produzido pela JBS.
Fundada pela família Batista em
Anápolis, Goiás, a JBS tem uma história de sucesso incontestável, mas
permeada por algumas polêmicas. Hoje, também é a maior doadora de
campanha do país, tendo contribuído com mais de R$ 300 milhões só nas
eleições de 2014.
Qual o objetivo das doações? "Fazer um Brasil melhor", promete Batista, em entrevista exclusiva à BBC Brasil.
Em uma conversa na sede da empresa, em
São Paulo, Batista falou sobre a relação da JBS com o BNDES, a Lava Jato
e os rumores de que o filho do ex-presidente Lula, Fábio Luis da Silva,
conhecido como Lulinha, seria um sócio oculto de sua empresa. Confira:
BBC Brasil – Pedi para um taxista me trazer na JBS e ele perguntou: A empresa do Lulinha? Qual a origem desses rumores?
Batista – (Risos) Vamos
ter de fazer uma reunião com taxistas, porque já ouvi isso de muita
gente. Talvez organizar um evento com o sindicato para eles pararem com
essa palhaçada. Essa conversa é absurda e sem nexo. É difícil dizer de
onde saem (esses rumores). A impressão que temos é que foram plantados
em campanhas por adversários políticos (do PT). Parece que foi um site
específico…
Mas não é só isso. Nossa empresa tem uma
história. Meu pai começou esse negócio do nada, sessenta e poucos anos
atrás. Quando (o presidente) Juscelino (Kubitschek) decidiu erguer
Brasília, meu pai foi vender carne para as empresas que estavam
construindo a cidade em uma precariedade danada. Trabalhou duro, fez uma
reputação. E, sem falsa modéstia, somos bem-sucedidos no que fazemos.
Não sei se é um tema cultural, mas se
você pesquisar vai achar vários empresários bem-sucedidos acusados de
receber ajuda. Parece que no Brasil há uma dificuldade de se reconhecer
que alguém pode crescer por ser competente ou por força do seu trabalho –
e não por sorte ou porque é testa de ferro ou sócio de alguém.
BBC Brasil – Como assim?
Batista – Há quinze
anos, em Goiás, quando éramos muito menores, você ia achar muitos
taxistas dizendo que (a JBS, na época Friboi) era do Íris Rezende, que
foi governador do Estado várias vezes. Era parecido com essa história do
Lulinha. Sempre crescemos muito e as pessoas tinham de achar uma
justificativa: “como eu não cresço e o outro cresce?”.
Aqui neste lugar (sede da JBS)
funcionava o escritório do Bordon, que chegou a ser uma das maiores
empresas de carne bovina do Brasil. O Bordon por muitos anos “foi” do
Delfim Neto (ex-ministro da Fazenda). Quer dizer, foi enquanto ia bem.
Quando começou a ir mal ninguém mais falava que era do Delfim.
Talvez isso (rumores) tomou uma
proporção maior pelo tamanho que a empresa ganhou. E em função das redes
sociais. Mas o que a JBS tem feito é fruto do trabalho e das pessoas
competentes que tem aqui dentro.
BBC Brasil – Como é sua relação com Lula?
Batista – Lula foi
presidente por oito anos. Só o encontrei uma vez nesse período, em uma
reunião setorial no palácio, com 30 pessoas na sala, ministros, CEOs,
etc. Não tenho certeza sobre meu irmão (Joesley Batista), mas acho que
ele nunca encontrou o Lula quando ele era presidente. Fomos conhecê-lo
depois, porque nos chamaram no Instituto Lula justamente para explicar
isso (os rumores). Eles perguntaram: "Que diabos é isso? São vocês que
estão falando isso"? Respondemos: "De jeito nenhum, presidente Lula,
achamos isso um negócio sem pé nem cabeça"
No total, encontrei o Lula três vezes
depois que ele deixou a Presidência. Teve um evento de uma revista em um
hotel. Sentei na mesa, ele estava almoçando. E teve outra vez em uma
inauguração de alguma coisa. Essa é a relação. É muito distante.
BBC Brasil – E com o Lulinha?
Batista – Nunca vi o
Lulinha na minha vida. Sei quem ele é por foto na internet. Um amigo um
dia falou: "Wesley, ele é parecido com você". Eu respondi: "Tá louco"!
Aí fui olhar. Mas nunca apertei a mão do Lulinha. Meu irmão encontrou
ele uma vez em um evento social, uma festa. Uma pessoa que estava lá
ainda brincou: "Vem cá que eu vou te apresentar teu sócio. O sócio que
você não conhece". Aí meu irmão disse: "Rapaz, o povo fala que somos
sócios e nunca nem tinha te visto".
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