Delação de Baiano não deveria ser anulada?

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Caso estejam corretas as observações do senador Delcídio Amaral (PT-MS) no áudio que o levou para a prisão, de que o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, protegeu, em seus depoimentos aos investigadores da Lava Jato, o empresário Gregório Marin Preciado, seus benefícios conquistados pelo acordo de delação premiada deveriam ser revistos.
Em geral, os investigados que firmam acordo de delação recebem benefícios como pena menor ou até a extinção dela. É o caso do doleiro Alberto Youssef, por exemplo, principal delator da Lava Jato. As informações reveladas nos depoimentos, no entanto, precisam ser provadas. E caso seja comprovada alguma mentira ou desvio de versão para que alguém seja protegido, o acordo pode ser anulado.
Na conversa gravada por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Delcídio afirmou: "Você vê como ele (Baiano) é matreiro. Na delação, ele conta como me conheceu, que eu era diretor [da Petrobras] e o Nestor era gerente. Que ele foi apresentado a mim por um amigo. Ele poupou. Era o Gregório Marin Preciado".
O senador preso na última quarta-feira declarou ainda: "O Serra me convidou para almoçar outro dia (...) Ele [Preciado] é cunhado do Serra. E uma das coisas que eles levantaram nessa reunião na Espanha, eu não sei [se] sobre sondas ou Pasadena, mas houve uma reunião na Espanha, e existia esse espanhol que não foi identificado. E é o Gregório. É o Gregório. O Nestor conheceu o Gregório".
Em maio desse ano, a defesa do próprio Fernando Baiano entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que fosse anulado o acordo de delação premiada firmado pelo empresário Júlio Camargo no âmbito da Lava Jato. O argumento era de que Camargo mudou a versão de seu depoimento, primeiro protegendo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois revelando que o deputado teria recebido uma propina de R$ 5 milhões.
Em sua delação, tornada pública na semana passada, Baiano cita a empresa Iberbras como receptora de parte da propina de US$ 15 milhões que viabilizou a venda da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, da belga Astra Oil para a Petrobras. Segundo reportagem da revista CartaCapital, a Iberbras leva ao nome de Gregório Preciado, um espanhol radicado no Brasil, que já foi investigado na CPI do Banespa.
A companhia está registrada no nome da filha e do genro de Preciado, que é casado com a prima de Serra, de quem o empresário foi sócio e doador de campanhas. De acordo com Baiano, a empresa do "primo" de Serra ficou com um valor entre 500 mil e 700 mil dólares por ter direcionado parte da propina de Pasadena.

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