Durante discurso na posse do ex-presidente Lula como ministro da Casa
Civil, no Palácio do Planalto, na manhã desta quinta-feira 17, a
presidente Dilma Rousseff condenou o grampo divulgado ontem pelo juiz
Sérgio Moro, da Lava Jato, e sua "interpretação desvirtuada". A
gravação, feita pela PF mesmo após o juiz ter determinado a suspensão
dos grampos, se tratava de uma conversa entre Dilma e Lula e foi
divulgada pelo juiz para a Globonews.
Dilma disse que "não há justiça quando as leis são desrespeitadas, a
Constituição aviltada. Não há Justiça para os cidadãos quando as
garantias constitucionais da própria Presidência da República são
violadas". "Se se fere a prerrogativa da presidência da República, o que
se fará com os cidadãos?", questionou a presidente.
Sobre o grampo em si, declarou: "Nós queremos saber quem o autorizou,
por que o autorizou e por que foi divulgado sem que se tivesse nada que
pudesse levantar qualquer suspeita sobre seu caráter republicano".
Dilma denunciou ainda a "interpretação desvirtuada" do diálogo com o
ex-presidente e ressaltou que "investigações baseadas em grampos ilegais
não favorecem a democracia nesse país".
"Convulsionar a sociedade brasileira em cima de inverdades, de
métodos escusos, viola princípios e garantias constitucionais, os
direitos dos cidadãos e abre precedentes gravíssimos. Os golpes começam
assim", declarou Dilma Rousseff. A cerimônia de posse foi marcada por
manifestações contrárias e a favor à posse de Lula como ministro.
"Vergonha", gritou um manifestante antes de Dilma começar a discursar.
"Não vai ter golpe", gritavam outros.
Abaixo, reportagem da Agência Brasil:
Dilma dá posse a Lula como ministro da Casa Civil
Ana Cristina Campos – A presidenta Dilma Rousseff acaba de dar posse
ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como novo ministro-chefe da
Casa Civil. Ela também deu posse a Jaques Wagner como ministro-chefe do
Gabinete Pessoal da Presidência da República e a Eugênio José Guilherme
de Aragão, como novo ministro da Justiça.
Lula substitui Wagner na Casa Civil. Aragão assume o cargo em
substituição a Wellington César Lima e Silva, que pediu exoneração na
última terça-feira (15). Aragão é subprocurador-geral da República desde
2004.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que
Wellington deveria deixar o posto em até 20 dias após a publicação da
ata do julgamento. Os ministros da Corte decidiram que Wellington não
pode chefiar a pasta já que tem cargo vitalício de procurador do
Ministério Público da Bahia.
Manifestação
Quando Lula e Dilma chegaram ao Salão Nobre no Palácio do Planalto,
foram ovacionados pelos convidados, em sua maioria composta por
representantes de movimentos sociais e sindicalistas. Eles gritaram
"Lula lá" e "Não vai ter golpe".
Aos gritos de "Não vai ter golpe", manifestantes a favor de Dilma e
Lula estão concentrados em frente ao Palácio do Planalto, que está com a
segurança reforçada por soldados da Polícia Militar e da Polícia do
Exército.
Ontem à tarde e à noite, manifestações contra Dilma, Lula e o PT
ocorreram em vários estados do país. Em Brasília, eles se concentraram
na Praça dos Três Poderes em frente ao Palácio do Planalto e depois em
frente ao Congresso.
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