A presidente Dilma Rousseff participou nesta segunda-feira (30) do
lançamento do livro "A Resistência ao Golpe de 2016", que ocorreu na
Universidade de Brasília. O evento aconteceu no Memorial Darcy Ribeiro
(Beijódromo). Advogados, professores, jornalistas, cientistas políticos,
artistas, escritores, arquitetos, líderes de movimentos sociais,
brasileiros e estrangeiros reúnem em 450 páginas argumentos para
denunciar a quebra da institucionalidade democrática que está ocorrendo
no Brasil. A coletânea foi organizada pela professora da PUC e doutora
em Direito, Gisele Cittadino, pela professora de Direito Internacional
da UFRJ, Carol Proner, pelo advogado Marcio Tenebaun e o advogado
trabalhista Wilson Ramos Filho.
Em seu discurso, Dilma falou da queda do ministro da Transparência Fabiano Silveira.
"O segundo ministro interino se afasta. Nunca tivemos o ministro da
Controladoria Geral afastado. Ele nunca deixou de fazer sua função, que é
a transparência de governo. Fizemos o portal da transparência. Eu
fiquei achando muito estranho que eles tivessem transformado a CGU em
Ministério da Transparência. Primeiro pensei que era uma jogada de
marketing. Mas a tentativa era tornar a transparência obscura, opaca",
afirmou.
Ela também não poupou críticas ao governo interino de Michel Temer.
Ela condenou os cortes no Minha Casa Minha Vida e as tentativas de
alteração dos programas sociais e de extinção dos ministérios da
Cultura, da Mulher e dos Direitos Humanos.
"Nas declarações do governo provisório, interino e ilegítimo, está a
chave do que é o sentido deste golpe. Primeira fala: o SUS não cabe no
orçamento. Então vão criar planos privados de Saúde. Falam que não vão
contratar mais médicos estrangeiros. Significa de uma só penada tirar 11
mil médicos cubanos, num grande preconceito contra os médicos cubanos,
porque os médicos cubanos vão para as periferias, os lugares mais
afastados. Outra fala é que o Minha Casa Minha Vida não vai mais atingir
os que são de baixa renda, onde está 80% do déficit habitacional do
Brasil, então não atenderão nenhum pobre deste país", afirmou.
"É um governo neoliberal em economia e ultraconservador no campo
social e da cultura", frisou. "O golpe tem dois sentidos: parar a Lava
Jato e impedir que a gente continue com a nossa política de inclusão
social", reforçou.
Ao falar dos áudios gravados por Sérgio Machado, a presidente alertou
que não há nos áudios qualquer referência aos supostos argumentos que
embasaram o pedido de impeachment.
"As gravações têm um silêncio estarrecedor sobre o meu afastamento.
Não há uma única palavra sobre os créditos suplementares ou o Plano
Safra. Mas há uma farta conversa a respeito de evitar que a sangria os
atinja, que aquilo que foi feito, objeto de práticas corruptas, seja
desmascarado e por isso eu tenho que ser afastada", completou.
Ela voltou a comparar o golpe atual com a ditadura de 1964.
"Estou vendo com outras roupas, mas é um golpe com as mesmas
intenções: uma oligarquia querendo derrubar um governo popular. Há uma
diferença entre o golpe de agora e o golpe de 1964. O de agora não
interrompe o processo democrático, mas corrói o processo democrático,
como um parasita", disse. "Estão usando a democracia contra ela mesma.
Isso caracteriza um golpe frio", definiu.
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