A decisão
monocrática de Renan Calheiros de desconhecer a decisão do presidente da
Câmara de anular o ritual do impeachment, atendendo a pedido do
advogado-geral da União que fora engavetado pelo presidente da Câmara
afastado e até mesmo de desqualificá-la, chamando-a de brincadeira, além
de criar uma grave crise institucional não pode ser levada a sério
porque ele é suspeito.
Desde que Cunha
foi afastado, Renan assumiu seu lugar na sucessão presidencial, e é,
portanto, o maior interessado no prosseguimento e no bom sucesso do
impeachment.
Há de se
questionar, em primeiro lugar, se o próprio Renan, com seu currículo de
ações no STF e acusações na Lava Jato tem condições de assumir a
presidência da República em caso de afastamento do futuro suposto
presidente Michel Temer.
Ainda que a sua
ficha não seja tão suja quanto a de Cunha, ele responde por várias ações
penais no Supremo desde a época em que foi obrigado a renunciar à
presidência, para escapar à cassação, no caso Mônica Veloso, quando
faltou com a verdade apresentando documentos falsos para justificar
pagamentos à jornalista com a qual mantinha um romance paralelo ao
casamento.
Ele responde ao
inquérito 2593 no qual é acusado de peculato, falsidade ideológica e uso
de documento falso no caso dos bois de Alagoas, de 2007 para forjar uma
renda com venda de gado para justificar gastos pessoais e com sua
ex-amante Monica Veloso.
É também
investigado por desviar R$44,8 mil do Senado em verbas indenizatórias,
por usar a cota de passagens aéreas do Senado para pagar viagens de três
acusados de serem seus "laranjas" e de um fazendeiro suspeito de
fraudar venda de gado.
Também está
incurso no inquérito 3589, por crime ambiental, acusado pelo MPF de
pavimentar ilegalmente uma estrada de 700 metros na estação ecológica
Murici que leva a uma fazenda de sua propriedade.
Pelo comportamento que demonstrou
hoje, por sua vida pregressa e pela folha de serviços não prestados ao
país, não há dúvida de que Renan é o novo Cunha.
Cabe ao STF tirar mais esse bode da sala da democracia brasileira.
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