Dilma: "Nenhum direito em pé, é isso que eles querem"

Roberto Stuckert Filho/PR:  
 A presidente eleita Dilma Rousseff participou nesta segunda-feira 25 em Aracaju do "Ato contra o golpe, em defesa da democracia", com a presença de líderes de movimentos sociais, como do MST, João Pedro Stédile. Em sua fala, Dilma disse que "está em curso um golpe contra os interesses do povo brasileiro". "Não é um golpe com armas e tanques nas mãos e nas ruas, mas um golpe que vem usando a mentira e a fraude", descreveu.
A presidente voltou a destacar que não cometeu nenhum crime, o que já foi confirmado por parecer técnico do Senado entregue à comissão do impeachment e até pelo Ministério Público Federal. "Mas isso para eles pouco importa. O que importa é me afastar da presidência. Para executar um plano e um programa de perdas de direitos do nosso povo. Que quer impor em menos de dois meses um profundo retrocesso", disse.
"Querem acabar com o Mais Médicos, da forma disfarçada que usam sempre. No caso do Mais Médicos, é parando de contratar os médicos cubanos. Querem impedir que o povo brasileiro tenha acesso ao SUS, querem fazer um plano de saúde diminuto, pequeno, mínimo, como se a saúde dos pobres fosse diferente da saúde dos ricos. Estão tentando acabar com a universidade pública e gratuita. Estão querendo acabar com o ensino público gratuito. E acabar com vários programas que fizemos", exemplificou.
"O Pronatec, por exemplo, está praticamente cancelado, fechado. Não fazem uma única matrícula. Aonde vai o dinheiro do povo é do orçamento? Não vai pra quem mais precisa", criticou Dilma. "O que eles propõem para os trabalhadores: reforma das leis trabalhistas, que quer impor o negociado sobre a CLT. A tendência deles é de tirar direito dos trabalhadores, eles acham que a saída é reduzir direitos. Além disso, tem uma pauta ultraconservadora", prosseguiu.
Dilma também fez críticas movimento Escola Sem Partido: "Querem educação sem posições, sem a crítica e o debate. Isso não é educação, mas sim treinamento". "Educação sem partido é na verdade o coroamento desta visão que transforma o Brasil não numa pátria desenvolvida, mas num bando, querem nos transformar num bando de carneiros", acusou. "Tem um lema que é o que podemos aplicar ao governo interino, ilegítimo: nenhum direito em pé, é isso que eles querem. Nós não queremos nenhum direito a menos", completou.
Dilma voltou a mencionar a fraude da Folha de S. Paulo ao divulgar sua última pesquisa, quando noticiou que 50% da população quer a permanência de Michel Temer na presidência. "A imprensa internacional não fica falseando com a verdade, faltando com a verdade e inclusive até manipulando pesquisas", comparou. A presidente ressaltou que não desistirá de lutar para reverter o processo do impeachment no Senado: "Podem esperar sentados porque eu não desisto desta luta".
No início de seu discurso, Dilma contou sempre ter sido bem recebida pelo ex-governador de Sergipe Marcelo Deda, falecido em 2013, e pelo senador José Eduardo Dutra, além do atual governador, Jackson Barreto. No fim de sua fala, Dilma disse que em Aracaju, em Sergipe, aprendeu "a respeitar vendo a força pessoal, a força incrível de Marcelo Deda, que além de ser um guerreiro, de ter a companheira que teve, a Eliane, ele era um poeta. O poeta é capaz de cantar a alma do povo. Deda canto a alma do povo sergipano".
"Uma das coisas que considero mais fortes tanto em Deda quanto em Zé Eduardo era a capacidade de enfrentar desafios. Sei que vocês saberão honrar a imagem. A luta de dois grandes sergipanos, Deda e Dutra", finalizou a presidente.

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