A ausência de Michel Temer da
cerimônia de encerramento da Rio 2016 é uma demonstração de fraqueza
política do presidente interino, que preferiu não enfrentar a massa
reunida na Maracanã.
Temer temeu uma vaia inesquecível e
um grito Fora Temer! para entrar na história e quem sabe modificá-la,
dias antes do Senado Federal reunir-se para debater o impeachment.
A ausência teve um aspecto didático,
porém. Nem Temer nem seus ministros poderiam reivindicar qualquer coisa
positiva com uma iniciativa que se mostrou um sucesso no plano da
organização e revelou um animador sinal de progresso do esporte
brasileiro na última década e meia.
É correto lembrar a dor e o
sofrimento de famílias que foram desalojadas de seus lares, sendo que
uma pequena parcela recebeu até agora a justa compensação. É um drama a
ser encarado, resolvido e denunciado enquanto não tiver uma solução
aceitável. Mas a dor dos mais pobres e excluídos nunca foi o motivo real
para críticas e profecias de mau agouro, certo?
Como sabem até as águas da baía de
Guanabara, todas as medalhas esportivas pertencem aos atletas
vitoriosos, seus auxiliares e suas famílias.
Os troféus políticos -- de ouro,
prata e bronze -- são produto do período Lula-Dilma, que trouxe a
Olimpíada para o Brasil e demonstrou competência para garantir seu
sucesso em parceria com o prefeito Eduardo Paes, do Rio de Janeiro.
Como ocorreu com tantos avanços
realizados no período, até mais importantes do que uma Olimpíada, Temer
apunhalou essa herança pelas costas ao assumir um golpe de Estado urdido
pelos adversários logo após a quarta derrota consecutiva em eleições
presidenciais. O número de medalhas é recorde. Em outro feito, nunca o
Brasil ganhou tantas de ouro. E é óbvio, como os atletas são os
primeiros a reconhecer, que esse resultado é inseparável de um esforço
para assegurar, ao esporte brasileiro, um apoio em programas públicos
que há muito era reivindicado e nunca foi feito.
O reconhecimento de turistas e
visitantes é tão grande que a mentira dos nadadores norte-americanos
sobre um assalto numa madrugada de embriaguez mereceu repúdio local e
internacional.
O ouro no futebol, primeiro da
história, não deixa dúvidas sobre o resultado geral. Após a dramática
final contra os alemães, a população tem direito a festejar uma vitória
completa, naquele esporte que a partir de ontem pode voltar a ser
orgulho nacional.
A principal contribuição do
governo interino para a Rio 2016 foi, dias antes, realizar prisões de
cidadãos acusados de planejar atos terroristas -- iniciativa que,
baseada ou não em suspeitas reais, criou pelo espalhafato uma
desnecessária tensão política, servindo para alimentar um ambiente
injusto de pessimismo e medo.
Tudo que era para dar errado deu certo. E a etiqueta recomenda, nesses casos, que o melhor é sair de fininho.
Para outras informações, leia outra nota sobre as Olimpíadas publicada aqui: http://www.brasil247.com/pt/blog/paulomoreiraleite/250794/At%C3%A9-na-Olimp%C3%ADada-querem-roubar-Dilma.htm
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