Na íntegra da entrevista exclusiva concedida ao jornalista Fernando Morais, do Nocaute,
o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, discorre, entre outros
assuntos, do cenário de exploração de petróleo no Brasil e da atual
abertura do governo brasileiro às empresas estrangeiras no campo do
pré-sal, onde até o governo Dilma Rousseff a Petrobras tinha
exclusividade.
Segundo ele, "a Petrobras é considerada uma aliada do PT, porque
Dilma esteve lá, colocou gente dela lá e as políticas dela beneficiaram a
Petrobras", então "isso faz com que outros partidos queiram reduzir o
poder da Petrobras, tirando os ganhos dela".
"Uma maneira de trocar favores com os Estados Unidos é facilitar à
Chevron e à ExxonMobil o acesso a partes desse petróleo. Nas mensagens
vazadas por WikiLeaks aparece um desejo constante das petroleiras
americanas de ter o mesmo acesso que a Petrobras tem", afirma.
Ao ver "o que acontece no Brasil por outro ângulo", ele faz a
seguinte análise: "quais são as grandes instituições públicas
brasileiras, quais as mais fortes? Acho que são o Exército e a
Petrobras. E acho que em comparação, todas as outras instituições são
fracas. Então creio que fragilizar a Petrobras é uma forma de fortalecer
os militares como centro de gravidade da organização do estado. E isso
pode ser um problema".
A respeito de Michel Temer, que segundo ele entregou informações
sigilosas do Brasil aos Estados Unidos em troca do apoio do país pelo
golpe parlamentar que tirou Dilma do poder, ele avalia:
"Isso não é pra dizer que ele é um espião pago pelo governo
americano. Eu não sei, mas não existem evidencias que ele seja um espião
pago em dinheiro. Estamos falando de algo mais, falando de construir um
boa relação de forma a ter trocas de informação de parte a parte. E
apoio político".
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