Vendedor de vento, Eike foi inflado pela mídia

Ex-homem mais rico do Brasil, e sétimo do mundo, Eike Batista é hoje apenas um nome na lista vermelha da Interpol. 
Nesta quinta-feira, policiais visitaram sua residência, depois da descoberta que ele pagou US$ 16 milhões em propinas ao ex-governador Sergio Cabral, para ser favorecido em seus negócios no Rio de Janeiro.
Em seus dias de glória, Eike posava como filantropo, prometia despoluir a Baía da Guanabara, financiar UPPs e tirar o Rio de Janeiro do mapa da violência.
Hoje, até seus projetos mais simples, como a restauração do Hotel Glória, deixaram escombros.
Os tempos gloriosos, quando Eike falava em ser o mais rico do mundo, foram construídos numa estreita parceria com os meios de comunicação.
Embora os projetos de Eike fossem de altíssimo risco, as "descobertas" de petróleo da sua OGX eram sempre noticiadas com estardalhaço por colunistas bem posicionados na imprensa. Eike vendia vento, mas os incautos acreditavam.
Quando a bolha estourou, Eike deixou prejuízos bilionários para investidores, mas conseguiu preservar uma pequena fortuna que só agora foi recuperada – na semana passada, fundos de investimento bloquearam mais de US$ 60 milhões de Eike nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal do Caribe.
O auge da mistificação em torno de Eike ocorreu em 2012, quando Veja lhe dedicou uma capa chamada "Eike Xiaoping", logo após a publicação de um livro de autoajuda escrito por Roberto D'Ávila.
"VEJA captura esse momento especial de glorificação da riqueza produzida com trabalho, honestidade, investimento pessoal e coragem para correr riscos. Ele é o símbolo de um tempo mais generoso para todos os brasileiros", escreveu o então diretor Eurípedes Alcântara.

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