O governo de Michel Temer
começou a desmoronar neste fim de semana. Isso porque o melhor amigo de
Temer, o empresário José Yunes, decidiu delatar o segundo melhor amigo
de Temer, que é o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Em entrevista à revista Veja, Yunes afirmou ter sido "mula" de Padilha.
Mula é uma expressão usada
no tráfico de drogas. O termo se refere ao indivíduo que,
conscientemente ou não, transporta droga em seu corpo, geralmente para
outros países.
Yunes, que era assessor
especial da presidência da República, foi citado na delação premiada de
Claudio Melo Filho, da Odebrecht, e foi forçado a deixar o cargo. Ele
foi citado porque R$ 4 milhões dos R$ 11 milhões pedidos por Temer à
Odebrecht, em pleno Palácio do Jaburu, teriam sido entregues em seu
escritório de advocacia. O dinheiro saiu do departamento de propinas da
empreiteira.
Com a entrevista deste fim
de semana, Yunes tenta limpar a sua barra e joga a bomba no colo de
Padilha, que se torna insustentável no comando da Casa Civil – a menos
que o procurador-geral Rodrigo Janot decida não denunciá-lo.
Abaixo, texto postado por Gerson Camarotti:
O presidente Michel Temer
foi informado que seu amigo e ex-assessor José Yunes deu depoimento ao
Ministério Público Federal no qual relata que recebeu “documentos” do
doleiro Lúcio Funaro a pedido do atual ministro-chefe da Casa Civil,
Eliseu Padilha, durante a campanha presidencial de 2014. Segundo delação
premiada de Cláudio Melo, ex-executivo da empreiteira Odebrecht, Yunes
recebeu em seu escritório, em dinheiro vivo, R$ 4 milhões que seriam
parte de um repasse de R$ 10 milhões. Após a revelação do conteúdo da
delação de Melo, em dezembro, José Yunes pediu demissão do cargo de
assessor especial da Presidência.Nesta quinta-feira (23), Yunes esteve
em Brasília e visitou Michel Temer no Palácio da Alvorada. A assessoria
do Palácio do Planalto confirmou o encontro, mas não revelou o teor da
conversa.Foi Yunes quem procurou o Ministério Público para prestar
depoimento e dar sua versão dos fatos. Segundo o relato de Yunes, Eliseu
Padilha ligou para ele e disse que uma pessoa iria deixar em seu
escritório em São Paulo documentos que depois seriam retirados por um
emissário. Ao chegar ao local, a pessoa se identificou como "Lúcio". Yunes conta que pensava se tratar do deputado Lúcio Vieira
Lima, irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima.Mas, ao receber o portador
dos documentos, viu que era o doleiro Lúcio Funaro, preso e apontado
pela Polícia Federal como operador do deputado cassado e ex-presidente
da Câmara Eduardo Cunha. Yunes disse que falou rapidamente com Funaro e
que achou a conversa "maluca". Segundo relato de Yunes, Lúcio Funaro
deixou o "documento" no escritório. Horas depois, outra pessoa pegou o
envelope deixado por Funaro, que tinha como destinatário o ex-ministro
Geddel Vieira Lima.
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