REPENSANDO A VIDA

A cena do Mestre, pendente na cruz, despedaçou o coração dos discípulos. Não tinham como explicar o desfecho terrível de uma vida inteiramente posta a serviço dos irmãos. A cruz chocava-se com tudo o que tinham experiênciado, durante o tempo de convivência com o Mestre. Tudo nele era bondade, acolhida dos fracos e pequeninos, valorização dos pecadores e marginalizados, dedicação incansável ao Reino do Pai. Suas palavras tinham uma autoridade inaudita. Tudo quanto ensinava, tinha mais profundidade do que a doutrina dos escribas e fariseus. Por que acabou sendo crucificado?
Os discípulos passaram o sábado repensando a vida com seu Mestre, e buscando algumas pistas para entender algo do que tinham presenciado. Tudo se mostrava confuso, nebuloso. Suas mentes eram por demais estreitas para entender o fato da cruz, projetando-o para além do impacto imediato. Por isso, no torvelinho de seus sentimentos desencontrados, consumiam-se na angústia.
Num primeiro momento, os discípulos foram incapazes de captar o sentido da morte de seu mestre, numa cruz. Foi preciso que o próprio Jesus os despertasse do torpor. Somente à luz da Ressurreição, a cruz poderá ser, de alguma forma, compreendida. Sem essa luz, por mais que pensemos e repensemos, continuaremos no mesmo impasse dos discípulos, naquele sábado de dor e desespero.

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