Um dos delatores da Odebrecht, o executivo Luiz Eduardo
Soares, diz em depoimento que o ex-diretor do Dersa Paulo Vieira Souza,
conhecido como Paulo Preto, devolveu R$ 4 milhões para a empresa em
2010. Posteriormente, o equivalente a esse valor em dólares, US$ 2
milhões, teriam sido depositados para José Serra em conta no exterior do
empresário Jonas Barcellos, dono do grupo Brasif.
Os R$ 4 milhões foram pagos pela Odebrecht por causa da obra do Rodoanel Sul, segundo o delator.
As informações são de reportagem de Mario Cesar Carvalho na Folha de S.Paulo.
"Em 2010, Serra foi candidato à Presidência pelo PSDB e
perdeu a disputa para Dilma Rousseff (PT). Paulo Preto é acusado por
delatores de intermediar repasses ilícitos no Dersa a favor de Serra e
do atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira -o que
ambos negam com veemência.
O senador afirma em nota à Folha que a história contada pelo
delator não faz o menor sentido e negou que tenha beneficiado a
Odebrecht quando ocupou cargos públicos.
O empresário citado pelo delator é dono da Brasif, empresa que administra free-shops em aeroportos.
Barcellos é apontado por delatores da Odebrecht como o
quarto empresário a emprestar contas para que Serra recebesse recursos
da Odebrecht. Os outros são Márcio Fortes, ex-tesoureiro do PSDB,
Ronaldo Cezar Coelho, amigo de Serra, e José Amaro Pinto Ramos, acusado
de ser lobista ligado aos tucanos paulistas. Todos negam que Serra seja o
beneficiário desses depósitos.
Soares diz que a devolução dos R$ 4 milhões foi acertada por
ele e Roberto Cumplido, executivo da Odebrecht que gerenciava o
contrato do Rodoanel Sul, na sala de Paulo Preto no Dersa.
"Ele [Paulo Preto] estava querendo devolver um numerário
para nós e fui lá combinar como seria a retirada desse dinheiro", diz
Soares.
Ele diz que a Odebrecht acionou um empresário que trabalhava
como doleiro para a empresa, Alvaro Novis, que retirou os R$ 4 milhões
na casa de Paulo Preto.
Semanas depois, ainda de acordo com o delator, Benedito
Junior, que presidiu a construtora do grupo, convocou-o para ir ao Rio
acertar o depósito com o empresário da Brasif. Soares afirma que não se
falou em Serra na reunião com Barcellos na sede da Brasif, no Leblon.
Mas, segundo Soares, Benedicto Junior lhe disse que 'esse dinheiro
pertenceria ao Serra'."
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