247 – O
chancele de Michel Temer, Aloysio Nunes Ferreira, que é investigado por
caixa dois na Lava Jato, divulgou uma nota desaforenta contra as Nações
Unidas e a OEA, que condenaram o uso excessivo da força nas
manifestações contra as reformas e por eleições diretas no Brasil,
ocorridas na última quarta-feira.
"Causa espanto a leviandade
com que o ACNUDH e a CIDH fantasiosamente querem induzir a crer que o
Brasil não dispõe de instituições sólidas, dedicadas à proteção dos
direitos humanos e alicerçadas no estado democrático de direito", disse
Aloysio, que acusou ainda as duas entidades de má-fé.
Na nota, ele também
afirmou que "o governo brasileiro atua amparado na Constituição Federal e
de acordo com os princípios internacionais de proteção aos direitos
humanos", quando o mundo esclarecido vê o Brasil de hoje como uma
república bananeira, onde políticos corruptos promoveram um golpe
parlamentar para tentar se salvar da Justiça.
Abaixo, a nota de Aloysio:
O governo brasileiro
repudia, nos mais fortes termos, o teor desinformado e tendencioso do
comunicado conjunto de imprensa emitido hoje pelo Alto Comissariado das
Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) e pela Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Causa espanto a leviandade
com que o ACNUDH e a CIDH fantasiosamente querem induzir a crer que o
Brasil não dispõe de instituições sólidas, dedicadas à proteção dos
direitos humanos e alicerçadas no estado democrático de direito. A nota
afasta-se dos princípios que devem fundamentar a ação desses órgãos,
entre os quais o elementar respeito à verdade dos fatos. Em momento
algum os autores da nota se preocuparam com a ameaça à segurança de
funcionários públicos e de manifestantes pacíficos sujeitos a violência
sistemática e claramente premeditada. Os eventos do último dia 24 de
maio foram contaminados pela ação organizada de criminosos que
depredaram os prédios dos Ministérios da Cultura, da Fazenda, do
Planejamento e da Agricultura, incendiando alguns, pondo em grave risco a
integridade física de pessoas. A pronta resposta do governo federal, a
começar pela retirada em segurança de pessoas da área conflagrada,
sempre amparada na Constituição Federal e nos princípios internacionais
de defesa dos direitos humanos, garantiu a integridade física de
milhares de servidores públicos e de manifestantes pacíficos que foram
aterrorizados por atos de vandalismo e agressão premeditada.
Em atitude que beira a
má-fé, a nota evoca episódio de violência agrária no sul do Pará, que
não tem qualquer relação com os acontecimentos do último dia 24 e que,
além disso, já está sendo apurado por autoridade competente no quadro da
legislação brasileira. Da mesma forma, o governo brasileiro lamenta que
a ação das autoridades de São Paulo, que tampouco guarda relação com o
ocorrido em Brasília, seja capitalizada pela nota, cinicamente e fora de
contexto, para fins políticos inconfessáveis. O combate ao tráfico de
drogas, bem como o apoio a dependentes químicos, enseja atuação da
máxima seriedade, que é a marca das reconhecidas políticas públicas
brasileiras no enfrentamento ao problema mundial das drogas.
O governo brasileiro atua
amparado na Constituição Federal e de acordo com os princípios
internacionais de proteção aos direitos humanos. É surpreendente e
condenável que nota subjetiva e distante da realidade sacrifique o
compromisso de seriedade e imparcialidade de organismos internacionais
cuja ação o Brasil apoia e promove.
Leia, abaixo, reportagem de ontem sobre a posição das Nações Unidas e da OEA:
247 - O
Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, por meio
do seu Escritório Regional para América do Sul, condenou o que chamou de
uso "excessivo da força por parte da Polícia Militar para reprimir
protestos e manifestações no Brasil", em referência ao aparato utilizado
para reprimir a manifestação da última quarta-feira (24) em Brasília,
quando mais de 45 pessoas ficaram feridas, uma delas atingida por um
disparo de arma de fogo. A entidade criticou, ainda, a ação realizada no
domingo (221), na Cracolândia, em São Paulo. A ONU também teceu duras
críticas a violência policial em ações urbanas e em conflitos agrários
"Durante as manifestações,
ocorreram atos de violência, incluindo o incêndio e a depredação de
equipamentos públicos", disse a ONU or meio de um comunicado. "Do mesmo
modo, reportou-se que a Polícia Militar utilizou gases pimenta,
lacrimogêneo e balas de borracha para reprimir os protestos", completou
em seguida.
"Instamos o Estado
brasileiro a redobrar seus esforços para promover o diálogo e proteger o
direito à manifestação pacífica", pediu o secretário regional, Amerigo
Incalcaterra. "A manifestação pacífica é uma forma de participação
própria das sociedades democráticas, em que as pessoas podem exigir seus
direitos humanos e exercer ativamente suas liberdades de opinião e de
expressão", ressaltou.
O representante da ONU
também condenou a ação do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB),
visando a desocupação da cracolândia. "De acordo com a informação
recebida, a operação teria incluído a demolição de um prédio que estava
ocupado, o despejo de moradores e comerciantes da Cracolândia e o uso de
bombas de gás e balas de borracha para reprimi-los", o que teria
resultado em uma "profunda preocupação pelo uso excessivo da força por
parte das forças de segurança do Estado brasileiro", ressalta o
documento.
0 Comments:
Postar um comentário