"Com
o país submerso na mais longa e grave crise econômica desde a
redemocratização, a classe trabalhadora brasileira não tem o que
comemorar neste Dia do Trabalhador", diz Vagner Freitas, presidente da
Central Única dos Trabalhadores.
Leia, abaixo, a íntegra do seu artigo deste Primeiro de Maio:
Temer, o inimigo dos trabalhadores
Por Vagner Freitas
Com o país submerso na mais
longa e grave crise econômica desde a redemocratização, a classe
trabalhadora brasileira não tem o que comemorar neste Dia do
Trabalhador.
Correndo o risco de perder
direitos conquistados com muita luta, o trabalhador está hoje numa
perigosa armadilha, coordenada por um governo ilegítimo, apoiado por um
Congresso sem compromisso com o povo. De um lado, faltam empregos; de
outro, poderá ter de se submeter à terceirização sem direitos
garantidos. E, no fim da vida, não irá se aposentar.
Não há perspectiva de
melhora no curto prazo. O elevado índice de desemprego, que já atinge
mais de 13 milhões de pessoas, é reflexo de uma crise que derrubou o PIB
em 7,2% em dois anos. O mercado de trabalho, em geral o último a reagir
às flutuações da economia, faz parte de uma errática estratégia de
apostar na recessão.
Em apenas um ano de
mandato, o presidente Michel Temer já é responsável pelo maior
retrocesso social e trabalhista da história do Brasil. Getúlio Vargas,
conhecido como pai dos trabalhadores, assinou em 1943 a CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho), considerado o marco civilizatório
das relações entre o capital e a classe trabalhadora.
Já Temer -que aposta todas
as fichas na ruptura das relações sociais com suas reformas da
Previdência, trabalhista e o congelamento por 20 anos dos gastos
públicos- entrará para a história como o inimigo dos trabalhadores.
O único projeto deste
governo é o ajuste fiscal que atinge as classes mais pobres, as que mais
dependem de políticas e serviços públicos para sobreviver com o mínimo
de dignidade.
Engana-se quem acredita no
discurso governista de que as reformas vão aquecer a economia e criar
empregos. O que aquece a economia é investir em infraestrutura, inovação
tecnológica, aumento de produtividade e geração de emprego e renda. Nos
países que apostaram em redução de gastos, a crise econômica se agravou
e o desemprego atingiu milhares de pessoas.
Com o desmonte da
Previdência, Temer vai criar um exército de miseráveis, de trabalhadores
que não atingirão a idade mínima de 65 anos e tempo de contribuição
mínimo de 25 anos. A maioria vai morrer antes.
Isso afetará a saúde
financeira de mais de 4.000 municípios brasileiros, cujas receitas com
benefícios previdenciários era 74 % maior do que os repasses do Fundo de
Participação dos Municípios em 2015.
O discurso usado para
defender a reforma trabalhista é ainda pior. Tentam implantar o contrato
temporário, que pode chegar a nove meses sem direitos básicos como
FGTS, férias ou aviso prévio; a terceirização ou a demissão de comum
acordo com o patrão serão usadas para reduzir custos e precarizar o
serviço.
A mobilização dos
empregados nos últimos meses, em especial na última sexta (28), dia da
greve geral, demonstra que o povo já entendeu que Temer está
transformando o mercado de trabalho em um grande balcão de ofertas de
vagas precarizadas, uma espécie de escravidão moderna.
Paralelamente, o governo e
seus aliados reacionários do Congresso investem em medidas para destruir
os sindicatos, o principal instrumento de luta em defesa dos direitos
dos empregados.
O 1º de maio deste ano será
de resistência. Não podemos e não vamos aceitar esse desmonte que
condena a atual e as futuras gerações a uma vida laboral sem direitos,
sem justiça e respeito.
VAGNER FREITAS, bancário, é presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
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