Agência Brasil - O Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) retomou, há pouco, o julgamento da ação em que o PSDB
pede a cassação da chapa Dilma-Temer, vencedora das eleições
presidenciais de 2014. O TSE é composto de sete ministros, que deverão
se manifestar sobre as acusações de abuso de poder político e econômico
pelo suposto recebimento de recursos irregulares na campanha eleitoral,
como caixa 2 e valores de propina contabilizados oficialmente na Justiça
Eleitoral.
O julgamento começou em abril, mas foi suspenso para que as
defesas e a acusação pudessem se manifestar e mais provas fosse reunidas
no processo. A sessão começou com a leitura do resumo do processo pelo
relator, ministro Herman Benjamin.
Em seguida, a palavra foi dada aos advogados de acusação e
defesa da ex-presidenta Dilma Rousseff e do presidente Michel Temer. Os
advogados José Eduardo Alckmin e Flávio Henrique Costa Pereira, do PSDB,
defenderam a legalidade da ação proposta pelo partido.
O advogado José Eduardo Alckmin citou os depoimentos de
delação premiada do publicitário João Santana e do empresário Marcelo
Obebrecht, que confirmaram que a campanha eleitoral recebeu recursos
ilegais. Durante sua sustentação, o advogado não citou fatos sobre a
campanha do presidente Michel Temer, então vice-presidente. "Neste caso,
parece indubitável que fatos foram cometidos, ilícitos foram
perpetrados, que configuram, inegavelmente, o abuso do poder econômico, o
abuso do poder político, e também a falta de observância das regras e
despesas nas campanhas eleitorais", disse Alckmin.
Já o advogado de defesa de Dilma Rousseff, Flávio Caetano,
fala que a investigação parte do inconformismo do derrotado nas urnas. A
primeira tentativa de Aécio Neves foi com relação a auditoria nas
urnas, com base em "5 comentários de Facebook", diz. Ele foi arquivado.
Sobre a divisão de contas entre presidente e vice, Caetano alega que a
prestação de contas de Michel Temer não foi feita porque a prestação de
contas é feita de maneira conjunta pela chapa. Caetano afirma que a
prestação de conta foi assinada conjuntamente por Dilma, Temer e pelo
tesoureiro Edinho Silva. O advogado disse também confiar que o TSE
julgará as ações improcedentes, "mantendo a validade dos mais de 54
milhões de votos conquistados na urna. A defesa requer que não seja
aplicada a inelegibilidade. E que se convoquem eleições diretas para
presidente", finaliza.
O advogado de Michel Temer, Marcus Vinicius Furtado, também
se manifestou. "Estamos convictos de que o devido processo legal será
respeitado por estre tribunal e os ministros que o compõe", inicia. O
advogado argumenta sobre a adição de fatos que não estavam na ação
inicial. De acordo com o advogado, não é possível usar imputação
genérica. Já advogado Gustavo Guedes, que também defende Temer, pede
que, excluídos os fatos novos, se julgue a ação improcedente. Mas, caso
contrário, se aplique a separação, e Temer seja considerado inocente.
Ele sustenta seu pendido com base no princípio da individualização da
pena.
O Ministério Público Eleitoral (MPE), representado pelo
procurador Nicolao Dino, fala neste momento. Dino diz que todos os fatos
evidenciam "claro abuso de poder econômico", de um grupo empresarial
que aplicava recursos de forma "ilegal e sorrateira", mostrando a
"espúria relação" entre a empresa e um grupo instalado no poder, em uma
troca de benefícios "vultosamente monetizados".
Neste momento, o relator Herman Benjamin profere seu voto.
Além do relator, estão aptos a votar os ministros Napoleão
Nunes Maia, Admar Gonzaga, Tarcisio Vieira, Rosa Weber, Luiz Fux, e o
presidente do tribunal, Gilmar Mendes. O julgamento não deverá terminar
nesta noite. Mais três sessões foram marcadas para amanhã (7) e
quinta-feira (8), e um pedido de vista para suspender o julgamento não
está descartado.
Ação
Após o resultado das eleições de 2014, o PSDB entrou com a
ação, e o TSE começou a julgar suspeitas de irregularidade nos repasses a
gráficas que prestaram serviços para a campanha eleitoral de Dilma e
Temer. Recentemente, Herman Benjamin decidiu incluir no processo o
depoimento dos delatores ligados à empreiteira Odebrecht investigados na
Operação Lava Jato. Os delatores relataram que fizeram repasses ilegais
para a campanha presidencial.
Em dezembro de 2014, as contas da campanha da então
presidenta Dilma Rousseff e de seu vice, Michel Temer, foram aprovadas
com ressalvas e por unanimidade no TSE. No entanto, o processo foi
reaberto porque o PSDB questionou a aprovação. Segundo entendimento do
TSE, a prestação contábil da presidenta e do vice-presidente é julgada
em conjunto.
A campanha de Dilma Rousseff nega qualquer irregularidade e
sustenta que todo o processo de contratação das empresas e de
distribuição dos produtos foi documentado e monitorado. A defesa do
presidente Michel Temer sustenta que a campanha eleitoral do PMDB não
tem relação com os pagamentos suspeitos. De acordo com os advogados, não
se tem conhecimento de qualquer irregularidade no pagamento dos
serviços.
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