247 - Nos próximos dias 7 e 8 de julho, em Hamburgo, na
Alemanha, os líderes das 20 nações mais ricas do mundo deveriam se
reunir para discutir os rumos da economia global.
Deveriam. Isso porque desde que o Brasil foi alvo de um
golpe parlamentar, que colocou Michel Temer no poder, o G20 se converteu
em G19. Embora o Brasil esteja formalmente convidado a participar do
encontro, ele ficará de fora por um triste motivo. Nenhum chefe de
estado pretende posar ao lado de um personagem como Temer, que acaba de
ser denunciado por corrupção. Pega mal.
Temer cancelou sua participação alegando a necessidade de se
dedicar à agenda interna, ou seja, à própria sobrevivência. Além disso,
depois dos vexames na Rússia e na Noruega, onde chegou a ser cobrado
pela epidemia de corrupção que o atinge, ele se deu conta de que sua
presença em eventos públicos não causa problemas apenas no Brasil, mas
também fora.
O mais triste é lembrar que, com Lula e Dilma, o Brasil
conseguiu esvaziar as reuniões do G7, o antigo clube das sete nações
mais ricas do mundo, e fazer com que os grandes debates econômicos
envolvessem também os países emergentes, reunidos no G20. Com Temer, no
entanto, o Brasil se tornou um pária internacional. O G20 virou G19 e
até os BRICs se converteram em RICs. Não por acaso, os brasileiros nunca
sentiram tanta vergonha do próprio Pais como nos dias atuais.
Leia, abaixo, reportagem da Reuters:
Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - Em meio à crise política causada pela
denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o
presidente Michel Temer desistiu de comparecer à cúpula do G20 na
próxima semana, informou o Palácio do Planalto.
Parte da equipe de governo defendia a viagem, sob a
argumentação de que a presença de Temer seria importante para não passar
a ideia de que o país estava sem liderança. A agenda interna, no
entanto, falou mais alto.
De acordo com uma fonte, havia o temor de que a ausência de
Temer no Brasil no momento em que o governo tenta votar a reforma
trabalhista --possivelmente o último projeto importante que o governo
que conseguirá aprovar nos próximos meses-- poderia causar mais
problemas para a articulação política e pôr em risco a votação.
Além disso, nas próximas semanas o governo terá que se
organizar para tentar derrubar a denúncia contra Temer na Câmara dos
Deputados. Apesar de precisar garantir apenas que os favoráveis à
denúncia não somem 342 dos 513 deputados, o Planalto teme a defecção nas
bases.
Temer chegou a discutir a viabilidade da viagem com o
ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, nesta
quarta-feira, mas tomou a decisão no início da noite.
O presidente teria uma extensa agenda de viagens
internacionais nos próximos meses. Uma segunda viagem, esta à Colômbia,
no dia 11 de julho, já havia sido cancelada.
A participação na cúpula do Mercosul, no final de julho, na
Argentina, ainda está prevista. Uma fonte palaciana disse à Reuters que
Temer pode cancelar até mesmo a participação na reunião do bloco.
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