O PSDB, maior responsável
pela presença de Temer no Palácio do Planalto, continua garantindo a
sua permanência no cargo, mesmo contrariando a vontade da esmagadora
maioria do povo, do qual se diz representante. As principais lideranças
do partido, na verdade, estão completamente tontas e confusas, como o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, que muda de
posição todo dia, ao sabor dos acontecimentos. Ao mesmo tempo em que
querem continuar dividindo o poder com Temer, usufruindo das benesses,
entre outras coisas, com quatro ministros, estão preocupados em segurar
seus eleitores que, decepcionados com o engajamento num governo podre,
estão debandando. E isso certamente terá efeitos desastrosos para o seu
projeto de poder em 2018. Afinal, como é que pretendem conquistar a
Presidência da República se hoje contrariam precisamente quem poderia
lhes dar os votos necessários à materialização desse sonho: os
eleitores?
Poucos dias após a
reunião da cúpula do partido, que decidiu ficar na base do Congresso e
manter o apoio a Temer, FHC, que apoiou o golpe e sempre defendeu a
permanência do peemedebista no Planalto, divulgou nota no Globo
revelando que só agora, surpreendentemente, percebeu a gravidade da
situação. Diante disso, defendeu um gesto de grandeza de Temer e a
antecipação das eleições gerais. “Ou há um gesto de grandeza por parte
de quem legalmente detém o poder, pedindo antecipação de eleições
gerais, ou o poder se erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura
da regra vigente exigindo antecipação do voto”, ele disse. Mais adiante,
o tucano-mor vaticinou que “ou se pensa nos passos seguintes em termos
nacionais e não partidários nem personalistas ou iremos às cegas para o
desconhecido”. O ex-presidente, na verdade, fez uma verdadeira acrobacia
com as palavras para justificar sua nova posição. Se quisesse,
efetivamente, dar sua contribuição para solucionar o problema, bastaria
levar o partido a romper com Temer. Simples e prático.
O fato é que os tucanos
sabem que precisarão suar a camisa para tentar recuperar os eleitores e
sua imagem, bastante abalada com a participação no golpe que derrubou
Dilma e, consequentemente, com a ascensão de Temer, que vem destruindo o
país de modo acelerado. E dificilmente conseguirão apagar da memória
popular o estigma de que foi o presidente da legenda, o senador Aécio
Neves, que deflagrou tudo isso, ao perder as eleições presidenciais de
2014. Inclusive, só “para encher o saco” dos petistas, ingressou com uma
ação no Tribunal Superior Eleitoral pedindo a cassação do mandato da
chapa Dilma-Temer, o que acabou se voltando contra os seus próprios
interesses, salvos pelo voto de minerva do ministro Gilmar Mendes. E
Aécio, que posava de vestal com discursos inflamados apontando o dedo
sujo e pedindo a condenação e prisão de adversários acusados de
corrupção, acabou desmascarado como um dos maiores corruptos do país,
afastado do mandato de senador e ameaçado de ser preso a qualquer
momento. Está colhendo o que plantou.
Esperto como é, Fernando
Henrique, que sempre acusou o que chamou de “lulopetismo” pela corrupção
no país, agora, depois da descoberta das traquinagens de Aécio,
prefere fingir que não o conhece. E passou a defender veladamente a
união de todos, sem partidarismos e personalismos, para que o país
reencontre o seu rumo. Aparentemente, isso significa que ele já admite
implicitamente uma possível aliança com Lula para “devolver a
legitimação da ordem à soberania popular”. Na realidade, ele sabe, como
de resto todo o Brasil, que se as eleições diretas forem antecipadas o
líder petista voltará ao Palácio do Planalto, conforme atestam as
pesquisas de intenção de votos , que o colocam na liderança em todos os
cenários. FHC sabe, também – na verdade sempre soube mas preferiu tentar
levar seu partido ao poder por um atalho – que a única solução para os
problemas do país é a eleição direta, devolvendo ao povo o direito de
escolher o seu governante, o que dará ao novo Presidente a legitimidade
necessária para promover as medidas indispensáveis ao fim da recessão, à
retomada do crescimento e a volta dos empregos.
Essa nova posição de FHC,
adotada depois que finalmente percebeu com bastante atraso não haver
outra solução para os problemas do país a não ser o afastamento de Temer
e a convocação de eleições gerais, não deve porém ficar apenas em
palavras. É imperioso partir para ações concretas, pois de outro modo
ficará parecendo mais uma demagogia do tucano-mor. Considerando que o
PSDB é quem está segurando a escada de Temer, basta retirá-la para que
ele caia de uma vez, não existindo mais nenhum pincel em que possa
segurar-se. Chega de posições dúbias, do tipo “estamos na base mas não
ficaremos”, pois desse modo não terão nem o reconhecimento de Michel
Miguel e muito menos do eleitorado. Torna-se urgente a admissão e
votação do impeachment pela Câmara dos Deputados ou, então, a aprovação
do seu afastamento, conforme o esperado pedido do Supremo Tribunal
Federal. O momento é tão grave que não comporta mais hesitações ou
adiamentos. É preciso por um fim nessa agonia do povo brasileiro.
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