247 - A base aliada, com aval do Planalto,
está se movimentando para usar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) da JBS para pressionar o Poder Judiciário e o Ministério
Público. Após reunião comMichel Temer nesta semana, deputados decidiram
acelerar a instalação da comissão, que ainda não está em funcionamento
porque os partidos não concluíram as indicações de seus representantes.
Inicialmente formulada para constranger a JBS, em especial
Joesley Batista, que delatou centenas de políticos, dentre os quais
Temer, agora a ideia é que ela seja usada contra a Lava Jato. O Planalto
tem defendido a tese com seus aliados de que, se o presidente da
República e seus auxiliares mais próximos têm sido alvo da força-tarefa,
parlamentares não estarão a salvo dos investigadores. Seria, portanto,
necessário unir a classe política para coibir e frear o que consideram
exageros das operações.
As informações são de reportagem de Carla Araújo e Daiene Cardoso no Estado de S.Paulo.
"As articulações apontam que o primeiro alvo deve ser o
ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal
(STF). A base quer aprovar um requerimento para que ele compareça à CPMI
a fim de esclarecer sua relação com o executivo Ricardo Saud, do Grupo
J&F.
Parlamentares apresentaram na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Câmara um requerimento pedindo explicações ao ministro.
Eles dizem que receberam informações de que Saud teria atuado na
campanha de Fachin para que os senadores o aprovassem para o STF, em
2015, por indicação da presidente cassada Dilma Rousseff. O ministro não
comenta as afirmações.
Como os governistas avaliam que o presidente do colegiado,
Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), não apreciará o documento, ficou decidido que
o debate será levado à CPMI. “Essa questão vai surgir lá com certeza”,
disse o deputado Fausto Pinato (PP-SP), um dos signatários do
requerimento de explicações na CCJ.
Pinato questionou o grau de influência de Saud na indicação
de Fachin ao STF e disse que o ministro não terá como evitar os
esclarecimentos. “Existe uma possibilidade (de chamar Fachin). Será um
bom momento para que uma série de situações se esclareçam”, disse o
deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos membros da 'tropa de choque' de
Temer no Congresso".
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