Somente um mandatário irresponsável seria capaz de, em meio a uma
enorme crise econômica, política e social e às vésperas de importantes
decisões na área judicial tirar uma semana de férias para fazer duas
visitas sem nenhuma importância, uma à Rússia, outra à Noruega, com o
dinheiro dos brasileiros.
A viagem não serve para nada, a não ser tirá-lo do foco da Lava Jato e
de outras operações da Polícia Federal em cujo radar o presidente foi
detectado.
E do noticiário policial. Os jornais vão ser obrigados a falar, esta
semana, de seu encontro com Putin e não da mala do Rocha Loures.
Nosso comércio bilateral com a Rússia é pífio e não vai ser
incrementado com essa viagem, cujo propósito é convencer os russos de
que a carne brasileira tem boa qualidade.
Para isso Temer não precisava ter ido a Moscou, bastaria mandar o
Blairo Maggi, mesmo porque duvido que Temer vá conversar sobre carne com
Putin porque não vai querer entrar em detalhes a respeito de sua
desavença com o dono da carne brasileira. Maggi vai falar disso, não
ele. Então para que ele foi? Para ganhar dois dias longe do Brasil.
Além disso, vais ser uma fria para Putin: na semana passada os russos
protestaram contra a corrupção em várias cidades e não vão gostar de
ver seu presidente abraçado com um dos símbolos do que reprovam.
A viagem à Noruega é ainda mais inútil. É certo que os noruegueses
são fãs da cultura brasileira, mas negócios entre os dois países não têm
relevância na nossa balança comercial. Só entrou no roteiro para
retardar em dois dias a volta ao Brasil.
A que ponto chegamos: para sair do noticiário policial o presidente da República tem que viajar.
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