247 - Para o procurador da República Ivan
Cláudio Marx, o ex-senador Delcídio Amaral pode ter citado o nome do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tentativa de atrapalhar as
investigações da Operação Lava-Jato com o objeto de aumentar seu poder
de barganha e, assim, ampliar os benefícios da delação premiada
negociada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
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Na avaliação de Ivan Marx, a palavra de Delcídio, que teve
seu acordo homologado no Supremo Tribunal Federal (STF), perde
credibilidade.
O diagnóstico foi feita em documento protocolado na Justiça
Federal de Brasília no qual o procurador pediu o arquivamento de um
procedimento investigatório criminal (PIC) que apurava a participação do
ex-presidente Luiz Inacío Lula da Silva em tentativa de obstrução de
justiça.
"Ademais, não se pode olvidar o interesse do delator em
encontrar fatos que o permitissem delatar terceiros, e dentre esses
especialmente o ex-presidente Lula, como forma de aumentar seu poder de
barganha ante a Procuradoria-Geral da República no seu acordo de
delação", escreveu Ivan Marx.
O pedido de arquivamento do procedimento não afeta
diretamente outro processo, em curso na Justiça Federal, que apura se
Lula participou dos esforços para comprar o silêncio do ex-diretor da
Petrobras Nestor Cerveró, que viria a firmar acordo de delação. Mas essa
ação penal, que tem sete réus, entre eles Lula, também é baseada na
delação de Delcídio. E Ivan Marx faz considerações sobre o caso no
documento.
"A participação de Lula só surgiu através do relato de
Delcídio, não tendo sido confirmada por nenhuma outra testemunha ou
corréu no processo. Ressalte-se não se estar aqui adiantando a
responsabilidade ou não do ex-presidente Lula naquele processo, mas
apenas demonstrar o quanto a citação de seu nome, ainda que desprovida
de provas em determinados casos, pode ter importado para o fechamento do
acordo de Delcídio do Amaral, inclusive no que se refere à amplitude
dos benefícios recebidos. Assim, a criação de mais um anexo com a
implicação do ex-presidente em possíveis crimes era sim do interesse de
Delcídio. Por isso, sua palavra perde credibilidade", acrescentou o
procurador.
As informações são de reportagem de André de Souza e Júlia Cople em O Globo.
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