Brasília 247 – A presidente deposta pelo
golpe parlamentar Dilma Rousseff fez um discurso em Brasília na noite
desta quarta-feira 5 que representa bem o atual cenário político
brasileiro, com um presidente da República denunciado por corrupção,
além de diversos aliados presos ou investigados.
"A história está sendo severa e implacável com os líderes do
golpe", disse Dilma. "Todos aqueles que sustentaram o golpe, Aécio
[Neves], [Eduardo] Cunha, e todos aqueles que buscaram o impeachment
para destruir direitos sociais, para estancar a sangria [da Lava Jato], e
ao mesmo tempo para implantar no nosso Brasil todo um processo de
desconstrução dos direitos que nós tínhamos deixado como legado",
mencionou, num momento em que Cunha está na cadeia e Aécio foi flagrado
pedindo propina ao dono da JBS e chegou a ser afastado do Senado.
"Tentaram acabar com o Minha Casa Minha Vida, mas
descobriram que não dava para mudar o nome. Tentam acabar com o Mais
Médicos e enfrentam a reação da população", criticou Dilma, em
referência ao governo de Michel Temer, que exerce o mandato como
denunciado por corrupção.
"Dia a dia a história mostrou que, durante todo o processo
de impeachment, o que estava no terreno da especulação hoje está
confirmado: é fato que houve um golpe no Brasil. É fato também que este
golpe e o arranjo que sustentou esse golpe caminham a passos largos para
a ruína", destacou.
Segundo Dilma, "devemos estar extremamente atentos nesse
momento", pois "sabemos que o Brasil tem uma tradição de acentuar, de
radicalizar a característica dos golpes".
"Foi assim com o processo da ditadura militar, que começa em
1964, mas vira a ditadura que mata, tortura, exila e leva à prisão a
partir do AI-5 em 1968", recordou. "Então nós temos que cuidar para que a
ruína do golpe não se transforme na radicalização do golpe. Porque hoje
não existe a menor condição de eles aprovarem todas as medidas que
estão na pauta", finalizou.
Dilma mencionou o ex-presidente Lula em seu discurso, ao
lembrar que "a maior liderança política do Brasil hoje está sendo
sistematicamente combatida", mas destacou que "ele resiste". "E essa é a
boa notícia", disse.
"A mesma coisa acontece com o nosso partido. Quantas vezes
nos enterraram? Mas hoje, sob qualquer aspecto que se olha o PT, é o
partido que vai, cada vez mais, conseguindo resgatar o espaço que sempre
teve", afirmou.
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