247 - O número de intercâmbios entre alunos de
graduação das universidades públicas brasileiras despencou com o fim do
programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal. Sem a ajuda do
Ministério da Educação (MEC) desde julho de 2016 e em meio à crise
econômica, as instituições de ensino federais e estaduais reduziram em
até 99% o número de alunos enviados ao exterior até o ano passado. Para
especialistas, esse dado representa não só uma perda de experiência
acadêmica para os estudantes, mas também um prejuízo para a formação
científica no País.
O Estado analisou dados de 17 instituições de ensino
superior público – 30 universidades de todas as regiões do País foram
procuradas pela reportagem, mas nem todas responderam. Entre as
instituições analisadas estão as três estaduais paulistas, Universidade
de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além de outras 14 federais,
de um total de 64. Todos os documentos foram obtidos por meio da Lei de
Acesso à Informação enviados por cada uma das instituições.
Um dos casos mais dramáticos está na Universidade Federal do
ABC, do Estado de São Paulo, onde só três bolsas foram concedidas no
ano passado, ante 551 em 2014, auge do Ciência sem Fronteiras – uma
queda de 99,4%. A universidade diz que, sem o respaldo do governo
federal, viabilizar intercâmbio tem sido “um desafio”, mas que tem
buscado aumentar a quantidade de convênios internacionais ao longo dos
anos – atualmente há 18, em 10 países diferentes, segundo a instituição.
Bolsas internacionais privadas, como o Santander
Universidades, também registraram uma redução neste ano – foram 1.191
internacionais, ante 1.416 no ano passado.
As informações são de reportagem de Luiz Fernando Toledo, Isabela Palhares e Filipe Strazzer no Estado de S.Paulo.
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