247 - Preso em Curitiba, cerceado, censurado,
proibido, Lula foi o grande vitorioso dos dois debates da noite desta
quinta-feira (9). O debate da Bandeirantes, venceu por WO - mesmo ausente
pela proibição do Judiciário, esteve onipresente, enquanto os demais
candidatos, no estúdio, não apareceram. Foi um debate medíocre e sem
sabor, com performances que chegaram a ser constrangedoras. No outro
debate da noite, transmitidos pelas redes sociais e portais, Fernando
Haddad, Manuela D'Ávila, Gleisi Hoffmann e Sérgio Gabrieli apresentaram,
ao vivo, o programa de governo da coligação PT-Pc do B, mas uma edição
primorosa deu voz a Lula: o programa foi uma colagem de entrevistas de
Lula entremeadas pelo debate ao vivo.
Na Band, havia oito candidatos presentes: Alvaro Dias (Podemos), Cabo
Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme
Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina
Silva (Rede). O grande numero de presentes e a ausência de Lula deram um
caráter de dispersão ao debate. Nenhum dos candidatos ousou criticar
Lula; Boulos fez uma defesa breve do ex-presidente na sua primeira
intervenção no debate. Com Lula com mais de 41% das intenções de voto no
país, segundo a última pesquisa Vox Populi, nenhum candidato arriscou
um confronto, ainda mais com o líder aprisionado -Alckmin fez um ataque
ao PT apenas no final do debate, às 0h37. Talvez tenha havido uma
estratégia de ignorar Lula e o PT-PC do B, mas a proeminência é tão
evidente que a estratégia foi frustrada.
Com o mais de 13 milhões de desempregados, o tema do emprego foi o
mais relevante no debate. Houve um acordo quase explícito dos candidatos
de direita de colocar Ciro e Boulos de escanteio. As perguntas entre
candidatos e mesmo dos jornalistas buscaram silenciar ambos. Alckmin e
Ciro mantiveram uma aliança tácita com Marina durante todo o debate; o
ex-governador de São Paulo, ao contrário do que seria esperado, fugiu do
confronto com Bolsonaro; Ciro centrou fogo em Alckmin e Boulos em
Bolsonaro; ao fazer a defesa aberta da reforma trabalhista, Alckmin
apresentou-se como o candidato do governo Temer; Bolsonaro girava no
universo paralelo que o caracteriza e atuou defensivamente, preocupado
apenas em manter seu eleitorado, sair do debate sem prejuízo; Marina
Silva, experiente depois de duas campanhas presidenciais, manteve-se no
tema do desemprego; Álvaro Dias bateu quase que unicamente na tecla de
fazer de Moro ministro da Justiça; o Cabo Daciolo, ex-PSOL, dividiu com
com Bolsonaro o discurso da extrema-direita com um acento "cristão". Foi
um festival de "Deus". Todos os candidatos, à exceção de Boulos e
Meirelles, aproveitaram-se descaradamente do sentimento religioso do
povo brasileiro.
Enquanto isso, no debate com Lula, a apresentação do programa de
governo e do cenário político do país pós-golpe estiveram no centro das
conversas. No debate da Band praticamente ignorou-se o golpe de 2016,
exceto por uma menção de Ciro Gomes que defendeu a honestidade de Dilma
numa resposta a Bolsonaro. Haddad perguntou: "do que eles têm medo?",
referindo-se à proibição da presença de Lula e a veto à sua participação
no debate da Band.
Ao final do debate da Band, restou patente que a possibilidade de uma
mudança expressiva nas preferências do eleitorado são quase nulas. Não
será pelo debate que poderá haver qualquer mudança significativa no
cenário. A exclusão de Lula e da coligação PT-PC do B não parece haver
resultado em qualquer prejuízo para o ex-presidente e os partidos
coligados. Ao contrário, Lula foi o grande vencedor da noite.
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