247 - Os
diretores do Datafolha Mauro Paulino e Alessandro Janoni afirmam que o
presidenciável Jair Bolsonaro apresenta tendência de queda em quase
todos os segmentos socioeconômicos e demográficos. Eles ressaltam que,
apesar de cair em maior proporção entre os jovens, o deputado também
desabou em estratos onde costumava ter desempenho positivo como no Sul,
entre os homens, entre os mais escolarizados e, surpreendentemente,
entre os mais ricos. Paulino e Janoni ainda destacam que o 'viés
ditatorial' do candidato foi 'descoberto' pelo eleitor nessa reta final e
que há chances consideráveis de a tendência de queda em sua candidatura
se prolongar até o dia da votação.
A análise dos diretores do instituto, publicada no jornal Folha de S. Paulo,
destaca que "a diminuição da diferença de Jair Bolsonaro (PSL) para
Fernando Haddad (PT), de 18 para 12 pontos percentuais em curto espaço
de tempo (uma semana), é acentuada em função da dicotomia que
caracteriza o cálculo dos votos válidos nas disputas em segundo turno.
São apenas dois candidatos —quando um ganha, o outro perde na mesma
proporção".
Janoni e Paulino acrescentam: "com
isso, ganha importância o contingente de eleitores sem candidato, isto
é, aqueles que pretendem votar em branco, anular o voto ou se mostram
ainda indecisos. A taxa (14%) é recorde para este período da disputa —em
segundos turnos de eleições anteriores chegou no máximo a 10%. Caso
parcela pretenda praticar voto útil, resta saber em que direção a
atitude se dará".
Eles ainda lembram o estrago feito
na candidatura do ex-militar pela reportagem de Patrícia Campos Mello:
"a suspeita de caixa dois na contratação de serviços de WhatsApp,
revelada por esta Folha, por exemplo, chegou ao conhecimento da maioria
dos brasileiros, mas especialmente junto aos que mais têm recursos para
consumir informação –os mais escolarizados e mais ricos, nichos
dominados pelo capitão reformado desde o início da corrida
presidencial".
E, finalmente, os pesquisadores
apontam o autoritarismo como um elemento erosivo na campanha de
olsonaro: "o outro vetor, talvez o principal, refere-se às turbulências
que atingiram "a velocidade de cruzeiro" da candidatura do PSL desde a
última pesquisa há sete dias –episódios que sugerem intervenções
autoritárias em instituições nacionais, protagonizados por Bolsonaro,
por seu filho Eduardo e aliados acabaram por corroborar a campanha do
PT, que o vinha classificando de antidemocrático e violento".
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