
A presidente eleita Dilma Rousseff afirmou, em entrevista à
jornalista Mariana Godoy, da Rede TV, exibida na noite desta sexta-feira
(10), que seu "maior erro foi ter feito uma aliança com quem não
devia", numa referência ao presidente interino Michel Temer (PMDB), seu
vice nas eleições de 2010 e 2014.
Assim como disse ao 247, a presidente falou sobre a possibilidade de
antecipação das eleições. Segundo ela, não deve ser "descartada em
hipótese alguma" e que, antes disso, é necessária a recomposição da
"normalidade democrática" no país com o fim do processo de impeachment
contra ela.
Dilma reafirmou que o impeachment é um "golpe" e que há "desvio de poder" no processo.
Segundo ela, esse "desvio de poder" está confirmado principalmente na
divulgação da conversa do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado
com o então ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), que sugeriu
uma "mudança" no governo federal para "estancar a sangria" representada
pela Operação Lava Jato.
"Nós estamos lutando para que [as gravações] sejam incluídas na
defesa do impeachment porque elas constituem claras provas do que nós
falamos, do desvio de poder e desvio de finalidade, primeiro na
aceitação do processo de impeachment pelo senhor Eduardo Cunha" disse
Dilma.
Dilma também afirmou que o presidente da Câmara afastado Eduardo Cunha é "de direita, conservador e sem princípios éticos".
"Que ele [Cunha] responda na Justiça pelas contas na Suíça e por ter negado que ele tinha contas na Suíça", disse Dilma.
Em relação ao governo do presidente interino, Michel Temer, Dilma
criticou medidas implantadas como, por exemplo, a redução de
ministérios.
"Não dá para acabar com o Ministério de Ciência, Tecnologia e
Inovação. O futuro do nosso país depende da ciência, da tecnologia e da
inovação [...] Não é assim que se dirige um Estado. Reduzindo
ministérios a economia é mínima, isso se houver economia, se não ficar
mais caro", afirmou.
Durante a entrevista, a presidente afastada voltou a negar que tinha
conhecimento de irregularidades e pagamentos de propinas na compra da
refinaria Pasadena pela Petrobras, nos Estados Unidos, em 2006. Na
época, Dilma era presidente da estatal. Ela criticou as acusações do
ex-diretor da Petrobras Néstor Cerveró que, em depoimento à Lava Jato,
afirmou que "ela sabia de tudo".
"Ele prova? Não. Eu nunca tive amigo da qualidade do senhor Nestor Cerveró", afirmou Dilma.
Sobre Lula, Dilma disse que há "dois pesos e duas medidas" quando se
trata do ex-presidente. "Quando se trata de vazar conversa da presidenta
da República com qualquer pessoa, no mundo inteiro não teria discussão:
a pessoa que faz isso e revela, vai pra cadeia".
Dilma disse ainda que irá se esforçar para ir à abertura da Olimpíada
no Rio de Janeiro, em agosto. "Nunca alguém mereceu tanto estar na
Olimpíada quanto eu", disse.
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