O jornalista Elio
Gaspari, colunista dos jornais Globo e Folha, finalmente admitiu que a
presidente Dilma Rousseff está sendo afastada por meio de um golpe
parlamentar, na coluna Há golpe, publicada hoje nos jornais Globo e Folha.
Gaspari se referiu às
declarações da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), líder do governo
interino que confessou que as "pedaladas" eram mero pretexto para o
impeachment, e à tentativa da comissão do impeachment de impedir a
perícia do Senado, que apontou a inocência de Dilma (leia aqui).
"Na minha tese, não teve
esse negócio de pedalada, nada disso. O que teve foi um país paralisado,
sem direção e sem base nenhuma para administrar", disse Rose de
Freitas.
"Paralisia, falta de rumo
e incapacidade administrativa podem ser motivos para se desejar a
deposição de um governo e milhões de pessoas foram para a rua pedindo
isso, mas são insuficientes para instruir um processo de impedimento.
Como diria o presidente Temer: não 'está no livrinho'", emendou Gaspari.
O colunista afirmou, ainda, que os parlamentares mal se preocupam em manter as aparências. "Se
uma coisa tem o nome de julgamento, ela precisa guardar alguma
semelhança com um julgamento, mesmo que a decisão venha a ser política",
afirma. "Dilma Rousseff é ré
num processo que respeita regras legais, mas se a convicção prévia dos
senadores já está definida na 'tese' da líder do governo, o que rola em
Brasília não é um julgamento."
"Pelas características
que adquiriu, o julgamento de Dilma Rousseff vai noutra direção. Não é
um golpe à luz da lei, mas nele há um golpe no sentido vocabular. O
verbete de golpe no dicionário Houaiss tem dezenas de definições,
inclusive esta: 'ato pelo qual a pessoa, utilizando-se de práticas
ardilosas, obtém proveitos indevidos, estratagema, ardil, trama'",
escreveu ainda o jornalista.
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