
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aparece em primeiro lugar
nas pesquisas sobre sucessão presidencial, fez um duro discurso na noite
desta sexta-feira, em São Paulo.
Aos gritos
de "Volta, Lula", ele praticamente reafirmou sua intenção de
reconquistar o poder. "Eu respeito a Justiça, valorizei a vida inteira o
Ministério Público, a Polícia Federal, a Controladoria Geral. Mas não
podemos permitir que estas instituições sejam partidarizadas e tentem
criminalizar um partido", disse ele, afirmando estar de "saco cheio" das
acusações contra o PT.
Lula também criticou o que
considera um conluio entre imprensa e poder Judiciário. "Eu quando vejo
esse conluio acho que eles não precisam da Justiça, não querem condenar
com um julgamento, querem condenar com uma manchete de jornal". Em
seguida, provocou. "Quanto mais me provocarem mais eu corro risco de
ser candidato a presidente".
Em relação ao presidente interino,
Lula foi irônico. "Não existe maior demonstração do golpe dentro do
golpe do que o que aconteceu quando a Dilma foi afastada. O Temer deu um
golpe na decisão do Senado. Ele não agiu como presidente interino.
Assumiu como se tivesse autonomia, autoridade. Ele chegou lá através de
um golpe dos fascistas, conservadores". Lula disse ainda que Temer age
como se fosse um Fidel Castro ao entrar em Havana, em 1959. "Mas
enquanto o Fidel fez uma revolução, Temer fez um golpe".
Outro alvo do discurso foi o
chanceler José Serra, que, segundo Lula, trouxe de volta o "complexo de
vira-latas". Lula lembrou que foi o único presidente a participar das
reuniões do G-8 e que, durante sua presidência, o Brasil andou de cabeça
erguida. Com Serra, estaria voltando a ser subordinado às grandes
potências.
Ele ainda ironizou o fato de Temer
não ter apoiadores nas ruas. "Os coxinhas têm vergonha de ir para a rua
defender o Temer", afirmou. Lula criticou ainda decisões que considera
preconceituosas do novo governo. "Eles pegam como vítima o garçom
Catalão, que foi demitido como espião do Lula e da Dilma."
Sobre o impeachment da presidente
Dilma Rousseff, disse que o Congresso Nacional hoje tem mais do que 300
picaretas. "Não é possível fazer um golpe contra a Dilma sem crime de
responsabilidade."
Lula criticou as mudanças na
estrutura do governo feitas por Temer -- principalmente na área social,
em que ministérios dedicados a mulheres, negros e direitos humanos foram
extintos -- e acusou a gestão interina de não saber governar, "só
privatizar". "Se a solução fosse diminuir ministérios, era melhor tirar a
Fazenda, o Planejamento e deixar os ministérios dos pobres", disse
Lula.
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