Comissão do Senado vota a "convocação" de Palocci.

O Senado vota nesta terça (24) um pedido de convocação de Antonio Palocci para explicar sua atuação como consultor de empresas e a multiplicação de seu patrimônio.
Formulado pelo PSOL, o requerimento é apoiado por PSDB, DEM e PPS. Será discutido na Comissão de Fiscalização e Controle.
Em maioria, o condomínio governista arma-se para sufocar a iniciativa. Lideram a operação abafa o PMDB e o PT.
É a segunda tentativa da oposição de arrastar Palocci para um depoimento no Legislativo. A primeira, na Câmara, resultou em malogro.
Confirmando-se a votação no Senado, o Planalto dispõe de número para prevalecer novamente. Porém...
...Porém, é improvável que as legendas governistas entreguem ao governo 100% de seus votos.
Pelo menos um senador, Pedro Taques (PDT-MT), cogita posicionar-se a favor da audição do chefe da Casa Civil.
Egresso do Ministério Público Federal, Taques revela-se, em privado, convencido de que o ‘Paloccigate’ merece uma boa investigação.
Taques já votou contra o governo noutras matérias. Associou-se à oposição, por exemplo, na análise do projeto do salário mínimo.
Senador de primeiro mandato, costuma dizer que não segue nem o governo nem a oposição. Declare-se um escraco da Constituição.
Nesta segunda (23), Taques trocou ideias sobre o caso Palocci com colegas de partido que, como ele, cultivam o apreço pela moralidade.
Reuniu-se com o deputado Antonio Regufe e falou pelo telefone com o senador Cristovam Buarque, ambos do PDT de Brasília.
Ouvido pelo repórter, Taques absteve-se de antecipar o voto que dará na comissão de Fiscalização e Controle.
Conhecido pelo rigor com que combateu a corrupção na pele de procurador da República, limitou-se a dizer: “Não vou contrariar a minha história”.

Filiada ao governista PP, a senadora Ana Amélia (RS) decidiu adotar em relação ao ‘Paloccigate’ uma posição de independência.
Diz esperar que Dilma Rousseff atue com “energia” para estancar a crise que rodeia o chefe da Casa Civil.
Sugere o afastamento temporário de Antonio Palocci até o esclarecimento das dúvidas quanto ao salto patrimonial do ministro.
E afirma que, se o governo responder à crise de modo insatisfatório, considera a hipótese de assinar o pedido de CPI formulado pela oposição.
Nesta segunda (23), em aparte ao colega Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Ana Amélia evocou um episódio ocorrido no governo Itamar Franco.
Jarbas discursava a favor da instalação da CPI. Defendia a saída definitiva de Palocci quando Ana Amélia pediu a palavra.
Ela recordou que, diante de denúncias contra Henrique Hargreaves, seu chefe da Casa Civil, Itamar afastou-o.
Verificada a improcedência das acusações, Hargreaves foi reconduzido ao posto. Para a senadora, Dilma deveria fazer o mesmo com Palocci.
O blog entrevistou Ana Amélia, uma senadora de primeiro mandato cuja atuação tem se pautado pela independência.
Contou que Francisco Dornelles (RJ), presidente do PP e líder no Senado, liberou os senadores do partido para tratar o caso Palocci segundo a própria consciência.
Vai abaixo a transcrição da conversa:
- Cogita assinar o pedido de CPI da oposição? Creio que há outros instrumentos antes da CPI, que é bem mais desgastante. Está mas mãos da Dilma resolver o problema.
- Por isso sugere a adoção da fórmula Henrique Hargreaves? Este me pareceu um caso muito didático. Foi adotado no governo Itamar Franco e tem que ser lembrado como uma ação de correção ética na gestão pública. Itamar deu um tiro certeiro. Furou a crise. Afastou temporariamente o então ministro e, apuradas as denúncias, constatou-se que que eram improcedentes. O Hargreaves voltou muito mais forte.
- Acha que o caso que envolve Antonio Palocci é semelhante? Há uma analogia entre os dois episódios. Dependendo da energia com que a presidenta Dilma atuar nesse processo, isso dispensa qualquer outro tipo de providência de natureza política, como é o caso de uma CPI. Espero também uma posição do procurador-geral da República [Roberto Gurgel] para ver se chegamos a uma resposta republicana, correta e transparente sobre essa matéria.
- Considera que o noticiário sobre Palocci enfraquece o governo? Fui no final de semana a Tapejara. É uma cidade pequena do meu Estado, fica próxima de Passo Fundo [RS]. Participei de uma convenção do meu partido. Levantou-se um médico e me perguntou qual era a minha posição sobre o caso Palocci. Fiquei surpresa. Imaginei que esse tema estivesse apenas na órbita política de Brasília. Verifiquei que a questão já chegou aos confins do Rio Grande. O país inteiro comenta o tema, o cidadão comum se interessa pelo assunto.
- Pode-se dizer que a senhora aguardará as providências da presidente para decidir que atitude irá adotar? É isso. Aguardo uma atitude incisiva. A Dilma tem a faca e o queijo na mão para agir nesse processo.
- Não lhe parece que o governo já optou por manter o ministro, abafando o caso? Eles sabem que o custo político disso é muito alto. Creio que é preciso refletir.
- Seu partido integra o bloco governista. Isso não limita sua ação? Estou muito satisfeita com a posição do nosso líder, o senador Francisco Dornelles [PP-RJ]. Nesse episódio, como em outros, ele disse que cada senador usará o seu arbítrio para tratar do tema com independência.
- Houve reunião do partido para deliberar sobre a matéria? Não. Ele conversou com cada senador. Eu votei contra o governo no salário mínimo, a favor dos R$ 600. Fui contra o acordo que beneficiou o Paraguai em Itaipu, porque acho que o contribuinte vai pagar a conta.
- É razoável depreender que, se entender que o caso Palocci ficou mal explicado, a senhora pode assinar o pedido de CPI? Não há dúvida. Se as atitudes não forem as mais corretas posso, sim, ajudar a viabilizar uma CPI. Não há dúvida.
- Não receia sofrer retaliações? Quando votei o salário mínimo, disseram que o governo poderia reagir. Houve ameaças. Não tenho medo disso. Não pedi nada ao governo e não devo nada ao governo. Tenho que responder aos meus eleitores e à sociedade gaúcha, que aguarda explicações sobre esse tema. 
Fonte: uol.com

0 Comments:

Postar um comentário