Quando pede um estudo sobre custos de manutenção das embaixadas
brasileiras abertas nos anos do governo do PT em países da África e da
América Central, o chanceler interino José Serra sinaliza com a
possibilidade de fechar algumas delas, ou quem sabe, todas. "Vai
depender do custo-benefício", diz-se no Itamaraty.
A medida, se adotada, terá um custo enorme para o Ministério das
Relações Exteriores, que já vive com um orçamento apertado, mas
penalizará também estes países, todos mais pobres que o Brasil. Pelo
critério internacional de reciprocidade eles também abriram suas
representações em Brasília e terão que fechá-las.
Será no mínimo uma postura unilateralista impor-lhes estes custos
para acentuar a mudança na política externa brasileira. Que, aliás,
precisa ganhar caráter de política de Estado e não de governo, evitando
mudanças bruscas que afetam a inserção do país no mundo. Se um governo
interino pode implementar tamanha reviravolta, o que esperar com
mudanças após cada eleição presidencial?
Em seu governo, o ex-presidente Lula abriu 79 embaixadas, quase todas
em países da África, Oriente e América Central. O comércio com estes
países expandiu-se, especialmente com a África, hoje uma das regiões com
maior dinamismo econômico do mundo. O fechamento de embaixadas afetará
estas relações comerciais e imporá custos com rompimento de contratos,
desmontagem de estruturas e devolução de imóveis. E os países que
acreditam no interesse brasileiro em estreitar relações com eles serão
penalizados ao terem que fazer o mesmo aqui.
O anúncio do estudo pedido por Serra, segundo fontes diplomáticas,
deve aumentar a indisposição internacional para o governo Temer. A
preocupação já é grande nas embaixadas estrangeiras que poderão ter que
fechar as portas.
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