O fluxo da história se acelerou nos
últimos dias e os brasileiros assistem ao colapso da Nova República,
inaugurada com o fim do regime militar, em 1985. As cenas e os
acontecimentos recentes revelam os estertores da curta democracia
brasileira, que sobreviveu apenas por trinta anos.
Em
Brasília, todos os movimentos desnudam o desespero da classe política,
que tenta se salvar de um naufrágio inevitável. Ao indicar seu ministro
Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal, Michel Temer fez um
agrado à sua verdadeira base de apoio: os políticos implicados na Lava
Jato. Em paralelo, no Senado, a indicação do senador Edison Lobão
(PMDB-MA) para a Comissão de Constituição e Justiça é autoexplicativa e
dispensa comentários.
O
Brasil real, no entanto, deu as caras em Vitória e várias outras cidades
do Espírito Santo, onde já há uma intervenção militar, desde que
policiais suspenderam o trabalho e mais de 100 pessoas morreram. Num
clima de pânico, uma parte da população se refugiou em casa, enquanto
outra decidiu saquear lojas e supermercados.
Não
muito longe dali, no Rio de Janeiro, o centro da cidade foi
transformado em praça de guerra, com os protestos de servidores que não
recebem seus salários em dia há vários meses. E quem comanda o estado é
um governador, Luiz Fernando Pezão, do PMDB, que está prestes a ser
denunciado por propinas no esquema de Sergio Cabral e também na Lava
Jato.
Outro político do
Rio de Janeiro, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara
dos Deputados, foi apontado pela Polícia Federal como um despachante de
luxo da OAS, oferecendo emendas parlamentares em troca de doações
eleitorais.
Maia
pretendia – e ainda pretende – entrar para a história como o chefe do
Legislativo que conduziu uma profunda agenda de reformas estruturais. No
entanto, como alvo da PF, dificilmente ele terá força e legitimidade
para conduzir a reforma da Previdência. Não por acaso, na noite da
última quarta-feira 8, policiais civis invadiram a Câmara para dar o seu
recado.
O Brasil entrou
em colapso, a Nova República está chegando ao fim e a grande dúvida, a
partir de agora, é saber qual será a natureza do novo regime.
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