247 – Que
diferença o tempo faz! Há pouco mais de um ano, o PSDB era o porta-voz
de um discurso moralista e hipócrita na política brasileira. Nesta
noite, após reunião de sua Executiva Nacional, em Brasília, os tucanos
decidiram se tornar o sustentáculo da corrupção no Brasil.
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Sim, o PSDB reafirmou o
apoio a Michel Temer, que nos próximos dias será denunciado por
corrupção, obstrução judicial e organização criminosa, depois que seu
ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures recebeu uma mala com R$ 500
mil em propinas. Tudo, é claro, em nome das reformas trabalhista e
previdenciária.
Isso significa que o partido que
perdeu as últimas quatro eleições presidenciais, mas chegou ao poder
por meio de um golpe parlamentar, permanece na base governista.
O motivo declarado é garantir o apoio às reformas, que são rechaçadas pela população brasileira. No
entanto, há também um o objetivo não declarado, que é salvar o senador
afastado Aécio Neves, que poderia ser cassado no conselho de ética do
Senado, se os tucanos retirassem o apoio a Temer. Sem esse apoio, o PMDB
de Romero Jucá estava pronto para guilhotinar Aécio, o senador que
tocou fogo no País "só para encher o caso" e que viu seus 48,5 milhões
de votos na última eleição presidencial virarem pó. Na última pesquisa,
Aécio apareceu com 1%.
O político mineiro, no
entanto, não é o único tucano encrencado com a Justiça. O PSDB também
precisa garantir o foro privilegiado de alguns de seus ministros, como
Aloysio Nunes e Bruno Araújo, que devem ser denunciados ao Supremo
Tribunal Federal.
Ou seja: em pouco mais de
um ano, o PSDB trocou a condição de partido moralista pela de
sustentáculo da corrupção no Brasil. A tal ponto que até o procurador
Deltan Dallagnol, sempre obcecado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, passou a dizer que a solução para salvar a Lava Jato é prender
Aécio.
Tarde demais: o golpe dos
corruptos contra a presidente honesta já foi dado e a corrupção está no
poder. Com a assinatura e o DNA do PSDB.
Leia, abaixo, reportagem da Reuters sobre o apoio tucano a Temer
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) -
Principal parceiro do governo, o PSDB deverá manter o apoio ao
presidente Michel Temer com "condicionantes" após a decisão do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) de absolvê-lo no processo que poderia cassá-lo,
na avaliação de importantes quadros da legenda ouvidos pela Reuters.
A Executiva Nacional do
partido realiza nesta segunda-feira uma reunião para avaliar a situação
do governo e decidir se permanece avalizando Temer, que está sob pressão
também por ser alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por
suspeita de ter praticado os crimes de organização criminosa, corrupção
passiva e obstrução de Justiça.
Iniciada por volta das 18h,
o encontro ampliado da Executiva do partido conta com aproximadamente
60 participantes dentre governadores, prefeitos, deputados, senadores e
ministros da legenda-- caso dos titulares da Secretaria de Governo,
Antonio Imbassahy, e das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, do
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do prefeito da capital
paulista, João Doria, além do presidente nacional interino da sigla,
senador Tasso Jereissati (CE).
A avaliação de tucanos é
que a absolvição pelo TSE --em processo originalmente movido pelo PSDB--
deu um fôlego para Temer continuar à frente do Palácio do Planalto e
seguir na condução da agenda de reformas, tida como principal motivo
para o respaldo da legenda ao governo.
Contudo, esse apoio está
ligado ao não surgimento de fatos novos que venham a inviabilizar a
gestão do peemedebista, segundo critérios desses dirigentes.
Entre as condicionantes,
estão tanto o peso das acusações que o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, fará contra Temer no episódio envolvendo a delação da JBS
e uma eventual paralisia na tramitação das reformas no Congresso, em
especial a da Previdência, além da possível desidratação do texto dessa
reforma para agradar ao restante da base aliada.
Para evitar o rompimento
com o governo, medida que tem sido cobrada em sua maioria pelos
integrantes mais jovens da legenda, a cúpula tucana faz o seguinte
cálculo: o partido quer firmar um pacto de "reciprocidade" com o PMDB, o
maior partido do país, a fim de viabilizar uma candidatura presidencial
em 2018, seja do governador paulista, Geraldo Alckmin, do prefeito
paulistano, João Dória, ou de outro nome da legenda.
Afastar-se dos
peemedebistas poderia levar ao isolamento do PSDB em relação a outras
legendas que rondam o espectro político do governo, como o DEM e o PPS,
com prováveis prejuízos no próximo ano em termos de aliança.
Para o secretário-geral do
PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP), com a decisão do TSE de
manter Temer no cargo, seria "contramão" para a legenda não permanecer
apoiando o governo.
"Isso poderia por em risco o que o país conseguiu", advertiu Torres, o principal aliado de Alckmin na atual direção partidária.
"O projeto político do PSDB
é lançar uma candidatura a presidente ano que vem e nós temos que
avaliar como fazer esse projeto avançar: fazer isso em sintonia com o
governo Temer ou isso independente do governo?", questionou o líder do
partido no Senado, Paulo Bauer (SC).
"Como partido que deu apoio ao governo no início, não precisaríamos deixá-lo neste momento de crises e problemas", completou.
Apesar do desejo de
deputados da legenda de entregarem os quatro ministérios que ocupam, há
quem na atual direção partidária seja contra a "saída da Esplanada" com a
manutenção do apoio às reformas do governo apenas no Congresso.
Argumentam que a medida não teria eficácia porque poderia desobrigar
integrantes do partido a apoiar a agenda de reformas.
Há ainda um fator
colateral: o apoio do PSDB ao governo peemedebista deve evitar também o
avanço do processo de cassação do presidente licenciado do partido, o
senador Aécio Neves (MG), também envolvido na delação da JBS. O Conselho
de Ética do Senado é comandado pelo PMDB, que dita o rumo do caso.
A tendência é que o partido
não tome qualquer decisão sobre permanência ou não na base do governo
na reunião desta segunda-feira.
"Não é o momento", ponderou
o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, questionado sobre a
possibilidade de uma decisão na noite desta segunda.
Na mesma linha, o senador
José Serra (SP), disse esperar uma "boa discussão" para ouvir os
"diversos segmentos" do PSDB e "sentir a alma do partido".
Em outra frente, o governador do Paraná, Beto Richa, defendeu a continuidade do apoio ao governo e às reformas.
"Isso está possibilitando uma reativação positiva da economia", disse o governador tucano.
A avaliação é que, no
máximo, o partido fixe um prazo limite para que as "condicionantes"
sejam cumpridas, do contrário podem deixar a aliança.
Essa decisão, no entanto,
deve provocar um racha no partido por conta do descontentamento de
parlamentares tucanos mais jovens que defendem o desembarque do governo,
grupo liderado pelo deputado Daniel Coelho (PE).
Não está descartada,
inclusive, a saída de alguns desses deputados do partido, o que pode
desfalcar a bancada tucana em entre seis e 10 parlamentares. Aécio já
foi informado por aliados desse movimento de "diáspora" na bancada.
(Reportagem adicional de Anthony Boadle e Maria Carolina Marcello)
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