247 - Em sua coluna nesta sexta, Miriam
Leitão fez duras críticas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e à
condução do julgamento da chapa Dilma-Temer.
"A Justiça Eleitoral pode terminar este processo com
dificuldade de explicar sua existência. Nunca se viu tanta prova de
corrupção numa campanha e mesmo assim, ontem, houve um ensaio de
resultado final favorável ao presidente Michel Temer e à ex-presidente
Dilma Rousseff. A leitura do voto foi atrasada por uma enervante manhã
em que foi exibido um festival de sofismas e contorcionismos mentais.
O debate foi sobre se era ou não possível usar os
depoimentos da Odebrecht. A maioria achou que não. A ação manda
investigar a propina na Petrobras, mas não poderão ser usadas
informações da empreiteira que é a maior corruptora. A ação é de
investigação, mas descobertas feitas durante o processo foram
consideradas pela maioria como extrapolação do pedido inicial da ação.
O ministro Herman Benjamin, mesmo com essa estranha
limitação, exibiu uma lista enorme de depoimentos — Nestor Cerveró,
Pedro Barusco, Paulo Roberto Costa, Júlio Camargo, Fernando Soares,
entre outros — indicando que propina cobrada em contratos com a
Petrobras foi para o PT-PMDB para ser usada na campanha de 2014.
Os ministros Admar Gonzaga e Tarcisio Vieira Neto disseram
que não se pode investigar Caixa 2, mas apenas Caixa 1. Mesmo se fosse o
caso, não faria diferença. Herman Benjamin mostrou depoimentos e
documentos provando que propina virava doação pelo Caixa 1.
(...)
Será difícil encontrar um outro momento em que tantas
provas, evidências, testemunhos se somem na mesma direção: a de mostrar
que houve corrupção na campanha de 2014. Eram já fortes os indícios em
2015, por isso o próprio ministro Gilmar Mendes se bateu para que a ação
não fosse arquivada. Nestes dois anos aumentaram as provas de que
propinas na Petrobras estavam ligadas ao financiamento de campanha. Mas
pelo andar da carruagem caminha-se para tudo isso virar uma grande
pizza".
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