247 – Aparentemente, Michel Temer conseguiu estancar a sangria da Operação Lava Jato. Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, seu mais fiel aliado na mídia, ele já comemora, por antecipação, a saída de Rodrigo Janot da Procuradoria-Geral da República.
Segundo Temer, ao
denunciá-lo, assim como a outros integrantes de seu governo, como Eliseu
Padilha e Moreira Franco, Janot agia como político.
"Sabe quando o procurador
fez isso, embora esse processo esteja correndo há três anos? Às vésperas
da votação do Congresso, o que está a significar que, na verdade, ele
passou a ter uma atuação muito mais de natureza política, e quase
pessoal, do tipo 'quero ver qual é o time que ganha', e não a sua função
institucional. Não se trata de disputas pessoais. Nem ele deve ter
disputa pessoal com o presidente da República, muito menos eu terei com
ele. Jamais lhe daria essa satisfação. Lamento é que ele, a todo
momento, anuncie que vai fazer uma nova denúncia, baseada nos mesmos
fatos. É um gestual político, institucionalmente condenável", disse
Temer.
Janot alega que investiga
fatos – e não pessoas – e lembra que as provas do caso JBS, como as
malas de dinheiro entregues a Rodrigo Rocha Loures e prepostos do
senador Aécio Neves (PSDB-MG), são irrefutáveis. E Temer não menciona
que sua salvação custou R$ 13,4 bilhões ao País, em favores aos
deputados.
Temer disse ainda que vai
seguir com suas reformas, rechaçadas por uma população em que só 4% o
apoiam, e prevê que terá o apoio do PSDB. "Mas será que eles votam contra o Brasil? Eu não acredito que eles votem contra o Brasil", afirmou.
Ele também disse não temer as delações de Lúcio Funaro e Eduardo Cunha. "As
pessoas estão cansadas disso. Primeiro, não conheço Lúcio Funaro,
segundo, não sei o que ele vai dizer. Portanto, não posso falar sobre
hipóteses. Não tenho nenhuma preocupação com isso. Eduardo Cunha, sim,
foi líder do PMDB, foi presidente da Câmara. Às vezes me perguntam, como
é que você falava com ele? Meu Deus, estou falando com o líder do PMDB,
com o presidente da Câmara... E eu não devo falar com ele?",
questionou.
Ele afirmou ainda que a chegada de Raquel Dodge à PGR dará "rumo
correto" à Lava Jato. "Ninguém nunca pretendeu destruir a Lava Jato. Eu
não ouvi o depoimento de nenhum agente público que dissesse vamos
paralisar a Lava Jato, ninguém. Muito menos de ministros do Supremo ou
membros da Procuradoria ou do governo. Ninguém disse isso".
Romero Jucá, um dos principais aliados de Temer no golpe de 2016, confessou que o grande objetivo sempre foi estancar a sangria.
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