A denúncia da Época contra três ou quatro petistas, incluindo Lula, é inovadora em vários sentidos.
Em primeiro lugar, mostra a hipocrisia da imprensa.
Quando um dado bancário de tucano, ou de qualquer um ligado ao PSDB, é vazado, a imprensa invoca o sagrado direito ao sigilo, que estaria sendo conspurcado por algum bolchevique do PT.
Independente da denúncia, a imprensa vai atrás do vazador.
Quando as vítimas do vazamento são petistas, os escrúpulos em favor da importância do sigilo são todos jogados no lixo.
A segunda inovação é quanto ao cálculo dos valores.
Com objetivo de inflar o número, a Época - que pertence à Globo - fala em "movimentação financeira" de R$ 294 milhões. O valor real é metade disso, mas usa-se o conceito de movimentação para produzir um factoide político de maior efeito.
A meta é enganar o leitor, como sempre.
A troco de que juntar vários indivíduos numa denúncia só? A denúncia não aponta nenhuma conexão entre os três. Lula ganha dinheiro de um jeito. Palocci, de outro. Erenice, de outro.
O objetivo parece ser exclusivamente insuflar o ódio anti-PT. É um objetivo sujo, fascista, de estimular o ódio político e manipular a informação.
É uma tática malandra também, porque a Veja já tinha vazados os dados bancários de Lula meses atrás. A Época agora requenta a notícia, e junta outros petistas, para dar um ar de novidade.
É uma coisa doentia.
Junta várias pessoas.
Junta vários anos de arrecadação financeira.
Não usa o valor arrecadado e sim a "movimentação financeira", ou seja, duplica o valor, de maneira completamente estúpida no sentido jornalístico, porque soma o valor recebido à transferência daquele valor para outro banco.
Tudo para criar um factoide político.
Quando você vai ler a reportagem, descobre que a empresa de Lula faturou, de 2011 até hoje, R$ 27 milhões.
O que Lula está fazendo ao lado, portanto, do número de quase R$ 300 milhões mostrado pela Época?
Aí a Época fala em "movimentação" de R$ 52 milhões, porque soma o que Lula recebeu em sua conta com a transferência desse mesmo valor para outra conta.
É surreal.
Uma aposta incrivelmente alta na burrice do leitor.
Ora, a renda de Lula é praticamente pública.
Esses R$ 27 milhões, divididos por cinco anos e depois por 12 meses, dá R$ 450 mil por mês, ou um pouco mais de US$ 100 mil dólares por mês, e isso para sustentar as atividades políticas da maior figura política do Brasil, seu instituto, além de sua família.
Ora, qualquer um com um mínimo de noção financeira sabe que qualquer celebridade aufere esse valores com facilidade.
Sem contar que os valores não correspondem a lucro líquido. Lula ainda tem de pagar uma boa parte desse valor à Receita Federal, além de todos os custos do seu trabalho, que inclui os transportes, as hospedagens, a alimentação, consultores, seguranças privados, etc, tudo isso não só para ele, mas para todo o seu staff.
É uma renda perfeitamente compatível com o status de Lula, um dos homens mais famosos e mais respeitados em todo mundo, e com o seu trabalho como palestrante, consultor e liderança política mundial.
Na verdade, chega a ser engraçado: a Veja já publicou os extratos bancários de Lula. A Época agora traz dados do Coaf.
Telefonemas e emails de Lula estão sendo vazados pela polícia política da Lava Jato.
Lula, que hoje, em tese, é apenas um cidadão, no gozo de seus direitos políticos, tornou-se a pessoa mais transparente do país.
Em 2018, o povo terá a tranquilidade de escolher um governante cuja vida já foi completamente devassada pela mídia - e não se encontrou nenhuma irregularidade - e um ou outro tucano cercado de mistério e blindagem.
A mídia, em seu afã para destruir Lula, está construindo a sua plataforma de campanha.
Lula, um homem transparente.
O que estamos vendo é uma caça desavergonhada, inescrupulosa, sem limites, ao ex-presidente, tentando criminalizá-lo de todas as formas, e inviabilizá-lo politicamente.
E para que juntar Lula com Palocci e Erenice?
Por que o Coaf não vaza e a Época não publica então o quanto Serra, Aécio, FHC, e mais um ou dois tucanos de alta plumagem ganharam desde 2011, não junta tudo num só pacote, e usa o conceito de movimentação financeira, para dobrar o valor efetivamente recebido por todos, e, com isso alardear um número impressionante qualquer?
Ah, a matéria também cita Pimentel, que entra na história porque teria retirado R$ 150 mil em espécie alguns dias após o final de sua campanha.
Ora, mais uma vez vemos o desrespeito absoluto em relação ao sigilo de qualquer cidadão que não seja da turminha da mídia.
Mas fica a dúvida: por que Pimentel entrou nesse bolo? O que tem a ver o seu saque de R$ 150 mil com Erenice Guerra, etc?
É porque são petistas? É assim?
Por que então a Coaf, que pelo visto entrou na onda do golpismo, não quebra logo o sigilo de todos os petistas do Brasil, e só do petista, e age logo como uma entidade nazista?
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