O
empresário Otávio Frias Filho, editor-responsável pela Folha de S.
Paulo, assumiu sua posição golpista, em editorial publicado na edição
deste domingo do jornal.
Otavinho, como ele é
chamado, decidiu "demitir" não apenas a presidente Dilma Rousseff, como
também o vice-presidente Michel Temer, que não teria respaldo da
população para assumir o poder em caso de impeachment.
Como essa proposta
colocaria na presidência ninguém menos que Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
Frias também decidiu demiti-lo, chamando-o de "nefasta figura".
Depois de contribuir
para jogar o País no caos, alimentando uma crise política que vem desde a
eleição presidencial de 2014, grupos de comunicação como a Folha agora
não veem saída, mas existe um único remédio: esperar as próximas
eleições, marcadas para 2018.
Leia, abaixo, o editorial em que a Folha assume seu golpismo e se julga portadora dos destinos da nação:
Nem Dilma nem Temer
A presidente Dilma Rousseff (PT) perdeu as condições de governar o país.
É com pesar que este
jornal chega a essa conclusão. Nunca é desejável interromper, ainda que
por meios legais, um mandato presidencial obtido em eleição democrática.
Depois de seu partido
protagonizar os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia;
depois de se reeleger à custa de clamoroso estelionato eleitoral; depois
de seu governo provocar a pior recessão da história, Dilma colhe o que
merece.
Formou-se imensa maioria
favorável a seu impeachment. As maiores manifestações políticas de que
se tem registro no Brasil tomaram as ruas a exigir a remoção da
presidente. Sempre oportunistas, as forças dominantes no Congresso
ocupam o vazio deixado pelo colapso do governo.
A administração foi posta
a serviço de dois propósitos: barrar o impedimento, mediante desbragada
compra de apoio parlamentar, e proteger o ex-presidente Lula e
companheiros às voltas com problemas na Justiça.
Mesmo que vença a batalha
na Câmara, o que parece cada vez mais improvável, não se vislumbra como
ela possa voltar a governar. Os fatores que levaram à falência de sua
autoridade persistirão.
Enquanto Dilma Rousseff
permanecer no cargo, a nação seguirá crispada, paralisada. É forçoso
reconhecer que a presidente constitui hoje o obstáculo à recuperação do
país.
Esta Folha
continuará empenhando-se em publicar um resumo equilibrado dos fatos e
um espectro plural de opiniões, mas passa a se incluir entre os que
preferem a renúncia à deposição constitucional.
Embora existam motivos
para o impedimento, até porque a legislação estabelece farta gama de
opções, nenhum deles é irrefutável. Não que faltem indícios de má
conduta; falta, até agora, comprovação cabal. Pedaladas fiscais são
razão questionável numa cultura orçamentária ainda permissiva.
Mesmo desmoralizado, o PT
tem respaldo de uma minoria expressiva; o impeachment tenderá a deixar
um rastro de ressentimento. Já a renúncia traduziria, num gesto de
desapego e realismo, a consciência da mandatária de que condições
alheias à sua vontade a impedem de se desincumbir da missão.
A mesma consciência
deveria ter Michel Temer (PMDB), que tampouco dispõe de suficiente apoio
na sociedade. Dada a gravidade excepcional desta crise, seria uma
bênção que o poder retornasse logo ao povo a fim de que ele investisse
alguém da legitimidade requerida para promover reformas estruturais e
tirar o país da estagnação.
O Tribunal Superior
Eleitoral julgará as contas da chapa eleita em 2014 e poderá cassá-la.
Seja por essa saída, seja pela renúncia dupla, a população seria
convocada a participar de nova eleição presidencial, num prazo de 90
dias.
Imprescindível, antes,
que a Câmara dos Deputados ou o Supremo Tribunal Federal afaste de vez a
nefasta figura de Eduardo Cunha –o próximo na linha de sucessão–, réu
naquela corte e que jamais poderia dirigir o Brasil nesse intervalo.
Dilma Rousseff deve
renunciar já, para poupar o país do trauma do impeachment e superar
tanto o impasse que o mantém atolado como a calamidade sem precedentes
do atual governo.
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