A consumação do golpe de Estado baseado no processo fraudulento de impeachment da Presidente Dilma é uma questão de horas.
A liturgia que está sendo seguida
neste julgamento, com longas sessões no Senado presididas pelo
Presidente do STF, é apenas um verniz para aparentar normalidade de
funcionamento das instituições que, na verdade, estão sendo destroçadas
com o golpe.
A maioria do tribunal de exceção em
que se transformou o Senado da República é formada por senadores e
senadoras golpistas que já condenaram por antecipação a Presidente
Dilma, muito antes do início do processo e independentemente da
inexistência de fundamentos jurídicos e legais.
Esse tribunal de exceção não fará um
julgamento justo, honesto e imparcial, porque decidirá fascistamente,
com base apenas numa maioria conspiradora que violenta a Lei e a
Constituição para tomar de assalto o poder de Estado.
Uma maioria que forjou argumentos
jurídicos fraudulentos através de militantes partidários infiltrados nas
instituições do Estado como o Tribunal de Contas da União, para
derrubar uma adversária que não conseguiram vencer nas urnas.
Não existe racionalidade,
razoabilidade e, menos ainda, verdade na decisão pré-concebida desta
maioria que se vale unicamente da condição majoritária, mas não de
eventual crime de responsabilidade que poderia justificar a cassação do
mandato presidencial.
Nas quase 15 horas de depoimento no
tribunal de exceção, Dilma desmascarou os algozes de 2016 que não trajam
a farda militar que trajavam seus algozes da ditadura civil-militar de
1964 que também tinham sociedade com o Grupo Globo, mas que nem por isso
deixam de ser gorilas oligárquicos que atentam contra a democracia e o
Estado de Direito.
O pronunciamento da Presidente Dilma na
abertura da sessão do tribunal de exceção é uma peça memorável que
organiza a narrativa sobre o golpe e instrumentaliza a resistência
democrática e popular do próximo período.
É um discurso que adquire a mesma
transcendência histórica de libelos famosos de vítimas da opressão e da
tirania burguesa como a carta aberta Eu acuso, de Émile Zola [1898]; como A história me absolverá, de Fidel Castro [1953]; e como a Carta Testamento, de Getúlio Vargas [1954].
O gesto de Dilma é equiparável à
trajetória de militantes revolucionárias como Olga Benário e Rosa
Luxemburgo, que enfrentaram corajosamente e frontalmente seus
opressores.
Os canalhas sofreram uma derrota estratégica na "assembléia geral de bandidos"
de 29 de agosto de 2016. Eles foram surpreendidos por uma mulher que
não só é mais madura que a jovem corajosa e ousada que enfrentou pela
primeira vez um tribunal de exceção com 23 anos de idade em janeiro de
1970, mas que continua sendo uma "brava mulher brasileira" lutadora da
igualdade e da justiça social.
Dilma teve uma atuação magistral.
Gigante, contrastou com o nanismo moral dos seus algozes. Ela ensinou
aos golpistas a diferença entre o golpe militar que destrói a árvore da
democracia a machadadas e o golpe parlamentar dos fungos, que parasita a
árvore da democracia silenciosamente.
Dilma foi uma mulher destemida, que
revelou temor pela única morte que um ser humano digno e decente pode
temer, que é a morte da democracia.
Este 29 de agosto de 2016 entra para a história não como mais uma etapa da farsa do impeachment da
Presidente da República que está em vias de ser perpetrado, mas como o
dia em que Dilma decretou o início do julgamento histórico dos canalhas.
A partir desse dia, esses canalhas
fascistas foram reduzidos à condição de fungos desprezíveis que
parasitam a árvore da democracia. Eles serão julgados e condenados pelo
povo muito mais cedo que tarde.
Assim como seus inquisidores de
janeiro de 1970 escondiam seus rostos para não serem reconhecidos, os
fascistas que em 2016 cassarão seu mandato legítimo também viverão
escondendo seus rostos, e serão escravos de uma vergonha que os
acompanhará pela eternidade da História.
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