247 – Todos os
senadores que, nesta quarta-feira 31, votarem a favor de um golpe
bananeiro em pleno século 21, serão implacavelmente condenados pela
História. Serão lembrados, como bem apontou o senador Roberto Requião,
como Auro de Moura Andrade, a quem Tancredo Neves chamou de canalha
depois de declarar vaga a presidência da República, em 1964, quando João
Goulart ainda estava no Brasil.
Os "Auros" de hoje, apontados por Requião em seu discurso histórico de ontem (reveja aqui),
são nomes como Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator da farsa, Aécio
Neves (PSDB-MG), o mau perdedor de 2014 que atirou o Brasil ao
precipício com seu inconformismo, e muitos outros.
Se são "canalhas", como disse
Tancredo no passado e Requião no presente, ligam menos para as próprias
biografias do que para os próprios interesses. Ainda assim, mesmo para
eles, o golpe de 2016, é um mau negócio. Um péssimo negócio.
A começar pela economia. Com Temer, a
inflação não cedeu e, mesmo com a valorização cambial e a maior taxa de
juros do mundo, analistas de mercado aumentaram a projeção da alta de
preços, que, neste ano, ficará acima de 7,5%. A indústria segue
encolhendo, o desemprego bateu recorde, chegando a 12 milhões de
pessoas, e o resultado fiscal de julho, com um rombo de R$ 18 bilhões,
foi o pior de todos os tempos (leia aqui).
Aliás, a responsabilidade fiscal tem sido o pretexto para o golpe, mas
Temer está conseguindo transformar o Brasil rapidamente numa Grécia,
segundo as palavras do seu próprio ministro do Planejamento.
No mercado, os que se deixaram cegar
pelo ódio ao PT e à presidente Dilma Rousseff, criaram a teoria de que
as reformas prometidas, nos campos previdenciário e trabalhista, virão
depois da interinidade, assim como o ajuste fiscal, como se fosse
necessário engordar 100 quilos, para depois emagrecer dez. A verdade,
porém, é outra. Aliados de Temer no Congresso já dizem que essas
reformas ficarão para depois das eleições municipais – ou seja, para
depois do Carnaval de 2017.
Se o governo provisório é um
fracasso completo na economia, a situação não é diferente no que diz
respeito à questão que mais preocupa a classe política: a Lava Jato.
Ontem, a crise institucional brasileira subiu mais um degrau quando a
subprocuradora-geral da República, Ela Wiecko, revelou que o interino
Michel Temer também está sendo alvo de várias delações, para, em
seguida, renunciar ao cargo. Ou seja: não será possível atender às
expectativas de políticos como Romero Jucá (PMDB-RR), que defendiam o
golpe para "estancar essa sangria" da Lava Jato. A menos que o chefe de
Wiecko, Rodrigo Janot, tenha decidido se transformar de vez no
engavetador-geral da República.
O golpe de 2016, portanto, fracassou.
Fracassou na economia e fracassou na prometida proteção penal aos parlamentares.
Diante disso, a grande questão é:
vale a pena matar a democracia e arruinar a própria biografia por um
projeto fracassado como o de Michel Temer?
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