Os mais de 300 anexos da delação
premiada da Odebrecht criaram um problema de difícil solução para a
arquitetura final da Operação Lava Jato, que parecia ser a condenação do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "chefe do petrolão", após a
derrubada da presidente Dilma Rousseff, e um certo perdão ao restante
do sistema político, que seria acusado "apenas" de caixa dois.
O problema maior reside na
desproporção das acusações contra Lula e seus adversários. Nas denúncias
que já enfrenta, Lula é acusado de se beneficiar de reformas em dois
imóveis que, segundo os registros imobiliários competentes, não lhe pertencem: o sítio em Atibaia (SP) e o apartamento no Guarujá (SP).
José Serra, por sua vez, foi
apontado como beneficiário de uma conta secreta na Suíça onde foram
depositados R$ 23 milhões – repita-se VINTE E TRÊS MILHÕES DE REAIS,
hoje equivalentes a TRINTA E QUATRO MILHÕES e meio de reais. Mais do que
simplesmente acusar, a Odebrecht pretende entregar os recibos dos
depósitos, feitos por intermédio de dois operadores do PSDB: Márcio
Fortes e Ronaldo Cezar Coelho.
Evidentemente, se tal acusação
tivesse sido dirigida contra Lula, a conta já teria tido seu sigilo
quebrado e exposto no Jornal Nacional e os operadores estariam presos.
Contra Serra, o tema mereceu uma nota na revista Época e, até agora,
nada no JN.
Ainda assim, como a população se dá
conta da seletividade da mídia e de parte do poder Judiciário, Lula
continua crescendo nas pesquisas. Um dos motivos para explicar esse
cenário, de acordo com o sociólogo Marcos Coimbra, da Vox Populi, "é a
crescente percepção de seletividade na campanha que contra ele movem
partes do Judiciário, do Ministério Público e da grande imprensa".
(saiba mais aqui)
Ou seja: no cenário atual, seria
absolutamente incompreensível para a sociedade prender Lula sem que
antes Serra e os beneficiários da conta suíça do PSDB fossem minimamente
incomodados. E também seria inexplicável condenar Lula a toque de
caixa, em duas instâncias, para que ele fosse retirado da disputa
presidencial de 2018, permitindo que Serra, com conta em paraíso fiscal,
continuasse a representar o Brasil no palco global como ministro das
Relações Exteriores.
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