A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva suspeita de que
Lava Jato esteja colaborando em caráter não formalizado com o governo
dos Estados Unidos. Segundo Cristiano Zanin, um dos advogados do
petista, revelações feitas na segunda-feira durante depoimento de
Eduardo Leite, ex-executivo da Camargo Corrêa, transparecem o
problema. Na ocasião, o delator chegou a dizer que foi procurado pelo
Departamento de Justiça americano por intermédio de representantes da
operação, mas voltou atrás, após reação do procurador Diogo Castor de
Mattos e do juiz Sergio Moro. Em nota, o MPF afirmou que "o assunto em
questão é sigiloso" e que, portanto, não se manifestaria".
As informações são da Folha de S.Paulo.
"A revelação feita em audiência de que o Ministério Público Federal
estaria trabalhando junto com autoridades americanas parece não estar de
acordo com o tratado que o Brasil firmou em 2001 com os EUA que coloca o
Ministério da Justiça como autoridade central para tratar esse tipo de
questão", disse à Folha Cristiano Zanin, advogado do petista.
Zanin se referiu ao depoimento feito nesta segunda-feira (22) por
Eduardo Leite, ex-executivo da Camargo Corrêa. O delator chegou a dizer
que foi procurado pelo Departamento de Justiça americano por intermédio
de representantes da operação, mas voltou atrás, após reação do
procurador Diogo Castor de Mattos e do juiz Sergio Moro.
Zanin, então, perguntou se a Lava Jato havia intermediado o contato.
Mattos interrompeu, argumentando que perguntas sobre colaboração no
exterior haviam sido indeferidas em depoimento anterior, de Augusto
Ribeiro de Mendonça Neto, da Setal.
Moro, então, afirmou que "a outra testemunha disse que não ia
responder, que não se sentiu segura. A testemunha [Leite] está
respondendo e o defensor dela está aqui presente. Então, se tiver algum
óbice, imagino que..."
O procurador voltou a protestar. O delator, por fim, afirmou que
"gostaria de consertar. Do procedimento, eu não tenho domínio, quem tem é
meu advogado. Eu entendo que deve ter havido uma comunicação".
Pouco antes, Mendonça Neto afirmara que "não sabia se podia
responder" à indagação da defesa de Lula se ele firmou acordo de
colaboração em outro país, além do Brasil. Moro impediu o questionamento
por conta de um possível acordo de confidencialidade do delator.
"Não reconheço a soberania dos Estados Unidos no nosso país nem na
nossa Justiça", interveio José Roberto Batochio, também advogado do
ex-presidente.
"Eu também não reconheço, doutor. Mas acontece que a gente tem de se
preocupar com os reflexos jurídicos para a testemunha. Certo?",
respondeu o juiz.
Mais adiante, Mendonça Neto foi autorizado a responder se viajou aos Estados Unidos, desde que não especificasse a finalidade."
0 Comments:
Postar um comentário