O governo de Michel Temer acabou
nesta quinta-feira, 24 de novembro de 2016. Temer pode até conseguir se
arrastar por mais algum tempo, mas perdeu completamente sua autoridade
para se manter à frente do País.
Nesta quinta, ele foi acusado por um
de seus ex-ministros, Marcelo Calero, de cometer um crime: pressioná-lo
para liberar uma obra ilegal, que favorece seu braço direito Geddel
Vieira Lima (leia aqui).
O ministro, como se sabe, tem um
apartamento de R$ 2,4 milhões num edifício em Salvador e usou todo seu
poder para obter vantagens pessoais. Já é investigado pela comissão de
ética da presidência da República e será denunciado pela
procuradoria-geral da República pelos crimes de advocacia administrativa
e tráfico de influência.
Geddel tem longa ficha corrida, mas
Temer decidiu mantê-lo no cargo. Se isso não bastasse, seu governo se
movimenta em torno de um objetivo tão espúrio quanto a liberação do
espigão de Geddel: a anistia aos políticos que cometeram crimes de caixa
dois, associados a vários outros delitos no passado. É uma situação tão
esdrúxula, que até mesmo os apoiadores do golpe de 2016 já se
movimentam para barrar a pizza que vem sendo preparada pelo Congresso,
com total apoio do Palácio do Planalto. Além disso, nos próximos dias,
virá a delação da Odebrecht, em que Temer será acusado de pedir R$ 11
milhões a Marcelo Odebrecht, em pleno Palácio do Jaburu.
Temer poderia justificar sua
presença no Palácio do Planalto se tivesse, ao menos, algo a mostrar na
economia. Mas seu resultados são catastróficos, depois de seis meses no
poder: quase 100 mil demissões por mês, queda de 25% na produção de
veículos, encolhimento de 6% do varejo e um rombo fiscal inédito, de
quase R$ 200 bilhões. Ou seja: tudo deu errado.
Sem autoridade moral e com
resultados medonhos na economia, Temer, que já se arrasta, dificilmente
chegará a 2018. Pode ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral em
2017, abrindo espaço para eleições indiretas por um parlamento com mais
de 200 investigados, ou pode, se tiver um pingo de patriotismo,
renunciar à presidência da República ainda neste ano, para que o Brasil
tenha a chance de realizar eleições diretas e recuperar sua democracia,
depois do vergonhoso golpe parlamentar de 2016.
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