A chance de que Michel Temer não termine seu mandato aumentou de 10%
para 20%, de acordo com avaliação da Eurásia Group, uma consultoria de
risco político. A mudança foi motivada devido ao risco de inquietação
social, com manifestações espalhadas pelo país, e o crescente impacto da
Lava Jato.
As informações são do jornal Valor.
Para a consultoria, porém, ainda é improvável que Temer caia, mas já destaca o crescimento dos protestos.
"Embora os números não tenham chegado perto dos maiores protestos
contra Dilma Rousseff (que variaram de 3 milhões a 6 milhões), essas
foram as maiores manifestações durante o mandato do presidente", nota a Eurásia. Mais do que isso, o governo já enfrenta pressões significativas
da economia, que dá sinais de que terá uma recuperação muito lenta em
2017, além de haver "uma grande nuvem sobre a classe política", devido à
delação premiada fechada por cerca de 80 executivos da Odebrecht na
semana passada.
Para a Eurásia, o risco real que aumentou as chances de Temer não
completar o mandato vem da possibilidade de inquietação social e
protestos nas ruas. A economia segue fraca e, com o Congresso
despertando a indignação da classe média alta por tentar dificultar as
investigações de corrupção, Temer entra num território delicado, adverte
a Eurásia. Para a empresa, o grande risco é se Lava-Jato chegar mais
perto do presidente e ele não se opuser com mais decisão às iniciativas
dos parlamentares de brecar a operação. Isso poder fazer com o que o
público comece a se voltar contra ele.
"A analogia mais próxima que nós podemos fazer a esse cenário ocorreu
na Argentina em 2001, quando três presidentes caíram em três anos,
devido a tremendos problemas econômicos, que ocorreram com a
incapacidade de defender o câmbio fixo do país", afirma a Eurásia. O
tamanho das "dores econômicas" no Brasil não chega perto ao impacto
causado pela desvalorização significativa da moeda argentina em 2001,
"mas um ambiente sustentado de inquietação social pode ser perigoso",
segundo a consultoria.
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