A quebra de sigilo das empresas de Adir Assad, conhecido
operador de propinas condenado na Lava Jato, complicou a vida de José
Yunes, melhor amigo e ex-assessor de Michel Temer. Os dados revelam que
empresas dos filhos do advogado pagaram ao menos R$ 1,2 milhão para
firmas de fachada. As empresas de Marcos e Marcelo Mariz de Oliveira
Yunes, todas ligadas a Yuny Incorporadora, aparecem em 113 transações
com a SM Terraplanagem e em 28 operações com a Legend Engenheiros.
A Legend e a SM, segundo o MPF, não possuíam condições para
funcionar e eram emissoras de notas frias utilizadas para produzir
dinheiro em espécie que abastecia o caixa dois de empresas interessadas
em pagar vantagens indevidas a agentes públicos e partidos políticos.
As informações são de reportagem de Fabio Serapião, Beatriz Bulla e Julia Affonso no Estado de S.Paulo.
"José Yunes, pai de Marcos e Marcelo, deixou o governo após
ter sido citado na delação de Cláudio Mello, da Odebrecht. O executivo
disse que parte dos R$ 10 milhões solicitados em reunião no Palácio do
Jaburu, da qual o ministro Eliseu Padilha e Temer participaram, teria
sido entregue no escritório de Yunes, na capital paulista. Depois do
episódio, Yunes prestou depoimento na Procuradoria-geral da República e
afirmou ter sido utilizado por Padilha, este último o destinatário dos
valores entregues pelo corretor Lúcio Bolonha Funaro, preso na Papuda.
Além da SM e Legend, as empresas de Assad – Rock Star, Power
To Ten, Soterra e SP Terraplanagem – movimentaram cerca de R$ 1,3
bilhão provenientes de grandes companhias. O empresário teve a prisão
preventiva decretada quatro vezes desde 2015. Chegou a ser solto duas
vezes, mas foi novamente levado à prisão por decisão do juiz Sergio
Moro. Ele foi condenado na Lava Jato a 9 anos e 10 meses de prisão por
lavagem de dinheiro e associação criminosa.
(...)
Segundo o MPF, os pagamentos de grandes empresas para a
Legend alcançaram o valor de R$ 631 milhões, entre 2006 e 2012. Nas suas
contas, somente a Andrade Gutierrez depositou R$ 125 milhões. O segundo
maior pagador, com R$ 37 milhões, é o Consórcio Nova Tietê, liderado
pela Delta Engenharia, responsável pela obra obra bilionária de reforma
na Marginal na capital paulista.A movimentação da SM Terraplanagem é um
pouco menor – R$ 199 milhões em créditos desde 2005 até 2012. Quem
lidera o ranking feito pelo MPF, e no qual as empresas da família Yunes
também estão, é a UTC Engenharia, com R$ 53 milhões pagos à empresa de
fachada.
Como revelou o Estado, Assad negocia um acordo de
colaboração com a Lava Jato. A tentativa é vista como a chance de Assad,
investigado em várias frentes e desdobramentos da Lava Jato, conseguir
algum benefício no cumprimento da pena".
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