247, de Lisboa
– Vocês acham que houve um golpe no Brasil? – perguntou a presidente eleita e deposta pelo golpe de 2016, Dilma Rousseff.
– Siiiim – respondeu o teatro lotado, em Lisboa.
Convidada pela Fundação
José Saramago a falar sobre democracia e neoliberalismo, Dilma – a
presidente legítima do Brasil – foi tratada como popstar em Lisboa.
Já na chegada ao teatro, ela foi ovacionada pela plateia, aos gritos de "Dilma, guerreira, do povo brasileiro".
– Só a volta à Democracia pode salvar o Brasil – disse Dilma, que subiu ao palco do Teatro
Trindade, um dos mais tradicionais de Lisboa, segurando um cravo
vermelho, símbolo da revolução que derrubou a ditadura e devolveu a
democracia a Portugal em 1974.
Ela também falou sobre os
vários retrocessos do governo Temer, que, nesta quarta-feira 15, foi
alvo de protestos gigantescos em várias capitais do Brasil.
– Essa emenda à
Constituição aprovada no Brasil é algo que nenhum país do mundo aprovou.
A população pode não sentir agora, mas vai afetar profundamente a saúde
e a educação – disse Dilma, ao falar sobre a PEC que congelou gastos
públicos por vinte anos.
Ela também disse que a
reforma da Previdência tem como objetivo oculto matar o setor de
seguridade pública, transferindo recursos para o setor financeiro
privado.
– Vai enfraquecer a
previdência pública. As pessoas vão pensar: Se eu não posso me aposentar
integralmente, por que é que eu vou pagar a previdência? Isso diminui a
previdência pública e com isso deslocam-se bilhões de dólares pra
iniciativa privada.
A presidente Dilma também falou sobre mais um desastroso da era Temer: o primeiro aumento da desigualdade em 22 anos (leia mais aqui).
– Quando você aumenta a
desigualdade, em qualquer país do mundo, isso significa que o governo
não está atendendo as necessidades do povo. E com isso o povo se
distância da política, que é substituída por símbolos e salvadores da
pátria – pontuou Dilma, alertando para o risco da escalada fascista no
Brasil.
- Tem golpe maior do que
aplicar um programa que não foi aprovado nas urnas?, questionou ainda,
lembrando da votação na Câmara dos Deputados que aprovou a abertura do
processo de impeachment em abril do ano passado: "Vota no impeachment pelo marido e ele é preso no dia seguinte?"
Dilma reforçou o discurso
de que existe um interesse no Brasil de tirar o ex-presidente Lula da
próxima eleição. "Podem mudar a lei, dizendo que um presidente que já se
elegeu duas vezes não pode concorrer para uma terceira", previu.
Enquanto Dilma brilha na Europa, o governo Temer chafurda na lama (leia aqui),
com vários ministros atolados até o pescoço em esquemas de corrupção,
assim como outros protagonistas do golpe, como os senadores Aécio Neves
(PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP).
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