O presidente Mauricio Macri, da Argentina, sofre grande pressão nesta
quinta-feira 6 com a primeira paralisação nacional em seus 16 meses no
cargo, convocada pelos dois maiores sindicatos do país, a CGT
(Confederação Geral do Trabalho) e a CTA (Central de Trabalho da
Argentina), desafiando duramente seu modelo de governo.
Os trabalhadores protestam contra medidas de austeridade e pedem
medidas mais efetivas contra os 40% de inflação, o desemprego e a
pobreza, além de aumentos salariais. Praticamente todo o setor de
transportes – terrestre e aéreo – professores, operários, funcionários
de aeroportos e agentes alfandegários, além de parcialmente o comércio e
até a coleta de lixo pararam em Buenos Aires e em outras cidades
argentinas.
Segundo a CGT, a greve foi "contundente" e teria atingido 90% de
adesão nacional. "A situação é dramática", disse Julio Piumato,
porta-voz da central sindical, segundo a Reuters. "A riqueza está sendo
concentrada nas mãos de uns poucos no mesmo ritmo com que a pobreza está
crescendo", afirmou. "Medidas urgentes são necessárias para criar
empregos. Um de cada três argentinos é pobre".
Uma pesquisa feita no mês passado mostrou que, pela primeira vez
desde que Macri foi empossado, mais compatriotas desaprovam do que
aprovam seu desempenho. Nesta manhã, ao abrir a seção latino-americana
do World Economic Forum, no hotel Hilton, na capital argentina, Macri
falou em tom de ironia a um grupo de empresários argentinos: "Que bom
que estejamos hoje aqui, trabalhando".
O cenário de hoje na Argentina é o de amanhã no Brasil. "Hoje tem
greve geral na Argentina contra Macri. Dia 28 será a nossa vez!",
resumiu Guilherme Boulos, líder do MTST e da Frente Povo Sem Medo, que
reúne diversos movimentos sociais que farão parte da paralisação geral
no País marcada para o fim do mês, após convocação das principais
centrais sindicais, inclusive das que normalmente atuam em campos
opostos, como CUT e Força Sindical.
O protesto será contra as medidas de austeridade propostas por Michel
Temer que reduzem benefícios históricos dos trabalhadores, como a Lei
da Terceirização, já sancionada pelo presidente, a Reforma Trabalhista e
a Reforma da Previdência, as duas em tramitação no Congresso Nacional.
Se Macri teve sua primeira greve geral em 16 meses, o político que
assumiu a presidência no Brasil por meio de um golpe parlamentar a
vivenciará com menos de um ano, quando já experimenta índices negativos
recordes: 55% dos brasileiros consideram seu governo ruim ou péssimo e
79% não confiam em Temer, segundo a pesquisa mais recente, realizada
pelo Ibope e divulgada pela CNT na semana passada.
Em um comportamento semelhante ao de Macri, Temer costuma ignorar ou
ironizar os protestos dos quais é alvo, como quando afirmou que 40
pessoas protestavam na Avenida Paulista, em setembro do ano passado,
quando 100 mil foram às ruas contra seu governo. Resta observar como
tratará a paralisação geral do dia 28, mas com base no histórico,
certamente não será de maneira legítima.
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