O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, o mais longevo no 
comando da economia do país, de 2006 a 2014, quebrou um silêncio de três
 anos sem dar entrevistas. 
Em entrevista à colunista Mônica Bergamo,
 Mantega desabafou sobre as mudanças em sua vida ocorridas desde que 
passou a ser alvo de acusações feitas por Marcelo Odebrecht e outros 
delatores. 
"Praticamente perdi a minha reputação, com mentiras, diga-se de passagem. A minha vida virou um inferno", afirmou.
"Eu me sinto terrível porque minha reputação foi colocada 
por água abaixo. A repercussão foi péssima, péssima. Passei a ter 
problemas em restaurantes, no hospital. Não posso ter uma vida normal. É
 uma humilhação ser chamado de ladrão. Eu poderia ter começado a dar 
palestras, consultorias. Criei um nome lá fora, fiz o Brasil ser 
respeitado. E acabei jogado nessa vala. A essa altura dos 
acontecimentos, depois de trabalhar tantos anos para o governo, depois 
de ter tantos resultados, eu não esperava. Realmente eu não esperava", 
disse,
Mantega diz que as delações de Marcelo Odebrecht e outros 
delatores são peças de ficção, e diz que eles precisaram acusar 
autoridades para conseguirem fechar os acordos. 
"Porque, para você conseguir uma delação, tem que entregar 
pessoas do alto escalão do governo. Um ou dois presidentes [da 
República] e um ou dois ministros. De certa forma é uma exigência. E aí 
fala do ministro sem provas. Porque não faz sentido essa questão do 
Refis.
E menos ainda R$ 50 milhões que diz que pedi num bilhetinho.
 Que bilhetinho? Mostra o bilhetinho! Ele tinha que montar uma história 
para dizer que tinha propina e inventou essa. Mas foi infeliz porque 
esse Refis foi feito para Deus e o mundo."
Aos 68 anos, casado com Eliane, 56, que desde 2011 enfrenta 
tratamento contra um câncer no intestino, disse que tem medo de ser 
preso. 
"Sim, tenho temor. Eu sou a principal pessoa que cuida da 
minha mulher, que dá sustentação psicológica para ela. Temo o que 
aconteceria com ela se eu fosse preso. Se você olhar as acusações, as 
provas, elas são frágeis, não se sustentam. Eu espero que a Justiça faça
 justiça". 

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