247 - Michel Temer pretende ampliar o
espaço dos partidos do chamado Centrão no governo como retribuição ao
apoio que recebeu na tentativa de derrubar a denúncia na Câmara. A
negociação tem sido em torno principalmente de dois ministérios hoje
ocupados pelo PSDB: Cidades e a Secretaria de Governo.
Nesta semana, PP, PR, PSD e PR fecharam questão para votarem
pelo não seguimento da denúncia contra Temer. Por outro lado, o PSDB,
até agora principal aliado do governo, liberou a bancada e tem ameaçado
deixar o governo. O DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(RJ), ainda não se posicionou.
Durante as negociações com o Palácio do Planalto,
integrantes do Centrão manifestaram desejo de ocupar essas pastas. Dois
desses partidos, PP e PSD, já comandaram o Ministério das Cidades. A
pasta, que tem um orçamento robusto e muita capilaridade nos municípios,
é vista como um trunfo diante da proximidade das eleições de 2018.
A Secretaria de Governo também interessa ao grupo porque o
ministro tem a caneta na mão para liberar o pagamento das emendas
parlamentares.
As informações são de reportagem de Carla Araújo e Isadora Peron no Estado de S.Paulo.
Confira abaixo uma reportagem da agência Reuters sobre o tema:
Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu
Michel Temer prepara uma reforma ministerial a fim de
desalojar da Esplanada partidos que tenham "traído" o governo, trocando o
espaço daqueles que tiveram deputados votando a favor da autorização
para que o STF julgue a denúncia contra o peemedebista por
representantes de bancadas com expressiva votação por rejeitar a
acusação criminal, apurou a Reuters com duas fontes envolvidas
diretamente nas negociações.
A intenção, segundo um dirigente partidário que participou
das conversas, é que a participação dos partidos no governo reflita os
resultados das votações na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no
plenário da Câmara.
Apesar da traição de partidos da base, o governo conseguiu
uma expressiva vitória ao rejeitar o parecer do deputado Sérgio Zveiter
(PMDB-RJ), que recomendava a autorização para o Supremo Tribunal Federal
julgar a denúncia, por 40 votos a 25, com uma abstenção.
A promessa de maior espaço na Esplanada fez parte das
negociações das últimas semanas entre os partidos da base com
interlocutores do presidente. A iniciativa estimulou até as direções e
lideranças partidárias a fecharem questão, nos últimos dias, em favor da
rejeição da denúncia.
Ao todo, quatro partidos --PMDB, PP, PSD e PR-- adotaram
essa posição que, na prática, permite às legendas aplicarem sanções aos
deputados que contrariarem a orientação da legenda.
PP, com seis votos, PR e PSD, com cinco cada um, trocaram
integrantes da CCJ e votaram de forma unânime em favor de Temer. No
PMDB, partido de Temer, dos nove votos, sete foram a favor de Temer.
Somente o relator vencido, Zveiter, votou contra. O presidente da
comissão, Rodrigo Pacheco (MG), absteve-se de votar.
Os principais alvos das mudanças, segundo uma das fontes,
deve ser o PSDB e o PSB. Os tucanos têm quatro ministérios, dentre eles o
Ministério das Cidades --alvo de forte cobiça de parlamentares por ter
um grande orçamento em obras-- e a Secretaria de Governo, pasta
palaciana responsável por fazer a articulação com os parlamentares. O
partido liberou a bancada para votar como quisesse. Dos sete votos na
comissão, os deputados do PSDB deram apenas dois a favor de Temer.
Cidades é hoje ocupada pelo deputado Bruno Araújo, que
chegou a pedir demissão quando surgiram as denúncias contra Temer na
delação dos executivos da JBS. A Secretaria de Governo tem como titular
Antonio Imbassahy, sempre criticado pelo partido do presidente
justamente por não ser um peemedebista.
A interlocutores, Imabassahy confessou já se sentir
desconfortável por estar em um cargo que deveria ser de extrema
confiança do presidente mas seu partido estar ameaçando deixar a base há
várias semanas.
Os socialistas, por sua vez, votaram rachados. Dos quatro
deputados da CCJ, dois votaram a favor e dois contra. A legenda ocupa
atualmente o Ministério de Minas e Energia, uma das principais pastas da
Esplanada.
"Não tem cabimento esses partidos ficarem com o espaço que
tem hoje no governo", afirmou o dirigente partidário à Reuters. "É uma
consequência óbvia, natural", completou.
O PSB já havia, na prática, anunciado que sairia da base,
mas um racha no partido e a decisão do ministro Fernando Bezerra Coelho
de permanecer no cargo e apoiar o presidente deixou a decisão em
suspenso.
A reforma ministerial não será fechada agora, mas somente
após a votação da denúncia no plenário da Câmara, marcada na noite de
quinta-feira para o dia 2 de agosto, na volta do recesso parlamentar.
O novo espaço de cada partido também só será definido após a
análise final da primeira denúncia. O governo espera a votação em
plenário para garantir a fidelidade do centrão antes de fazer as
mudanças.
A avaliação no Planalto é que a estratégia deverá fazer com
que o governo tenha uma base aliada menor porém mais coesa no Congresso.
O governo sabe que, depois da sequência de denúncias, não conseguirá
manter os cerca de 400 deputados que tinha em sua base, mas as trocas
poderão garantir resultados consistentes.
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