O Brasil está triste. Condenaram Lula, encarceram o povo, aprisionaram a esperança.
Não se condenou apenas um homem. Não se condenou mais um político.
Essa condenação arbitrária, injusta e ilegal de Lula, o melhor
presidente da história do Brasil, significa o aprisionamento das
perspectivas de igualdade social e de oportunidades para todos. Junto
com Lula, estão condenando os sonhos e as esperanças do povo brasileiro.
Junto com Lula, estão aprisionadas a justiça e a democracia.
O povo do Brasil, sempre excluído e manietado por aqueles que hoje
condenam seu maior e melhor líder, sabe bem que a prisão de Lula é um
golpe contra seus anseios e interesses.
Contra suas liberdades democráticas, ameaçadas por um Estado de
exceção que hoje tenta criminalizar movimentos sociais, sindicatos e
todas as forças que lutam contra o golpe dos que sempre mandaram no país
com autoritarismo e ditaduras. Estado de exceção que reprime
violentamente manifestações populares. Que assassina indígenas e
trabalhadores rurais.
Contra seu direito à justiça, ignorado por um sistema judicial que
sempre agiu de forma seletiva, protegendo as oligarquias e perseguindo
os excluídos e aqueles que os defendem. Um sistema que só prende ricos
quando tais prisões são úteis à perseguição a lideranças populares.
Contra seu direito a uma vida digna, ameaçado pelos retrocessos na
legislação trabalhista e previdenciária e pela agenda ultraneoliberal
promovida pelo golpe contra o Brasil e seu povo.
O golpe que promove desigualdade e desemprego, que destrói o Estado
de Bem-Estar, que vende o patrimônio público a preços aviltados, que
erode a soberania do Brasil e que envergonha o país perante o mundo ao
tê-lo transformado numa republiqueta de bananas. O golpe contra o meio
ambiente e os direitos dos povos indígenas, ameaçados pelo desmatamento e
a flexibilização da proteção às reservas e às áreas de conservação
ambiental.
O golpe contra os 54,5 milhões de votos que elegeram a presidenta
honesta em eleições livres e limpas. O golpe contra os 42 milhões de
brasileiros que ascenderam à classe média, nos governos do PT. Contra as
políticas sociais que praticamente eliminaram a miséria no Brasil.
Contra um processo de desenvolvimento que conseguiu retirar o Brasil do
Mapa da Fome. Fome secular, vergonhosa, que as oligarquias brasileiras
nunca se preocuparam em saciar. E que agora volta abraçada com aqueles
que perseguem Lula.
O Brasil está indignado. Condenam Lula, condenam a justiça e a democracia.
No momento em que, no Brasil, políticos conservadores são inocentados
e preservados e que bandidos são soltos para gastarem seus milhões no
exterior, mesmo com abundantes provas concretas, condenar Lula, o maior
líder popular da nossa história, sem um resquício de evidências,
significa desferir golpe mortal contra a justiça e a democracia do
Brasil.
Todos no Brasil sabem que a perseguição judicial a Lula, uma
verdadeira lawfare, fazia parte da agenda política do golpe de Estado
brasileiro muito antes do início de qualquer ação jurídica.
Na realidade, o golpe de Estado, perpetrado pela a que foi definida
como a "quadrilha mais perigosa do Brasil" contra uma presidenta
sabidamente honesta, sempre teve como objetivo maior destruir as
conquistas sociais e econômicas do povo brasileiro e impor, de forma
arbitrária e ilegítima, uma agenda de retrocessos sociais e de
destruição de direitos que jamais seria aprovada em eleições livres e
democráticas.
Por isso, a condenação de Lula é essencial. Ela é necessária para que
golpe e sua agenda se consolidem. Lula, que lidera com folga em todas
as pesquisas para ganhar as próximas eleições presidenciais, precisa ser
afastado para que a agenda reacionária das oligarquias não possa ser
revertida. Lula é a grande liderança popular a ser exterminada para que o
golpe continuado possa sobreviver.
E não importa de que forma.
Assim como a presidenta Dilma Rousseff foi afastada com a invenção de
um "crime" previamente inexistente, a "pedalada fiscal", o
ex-presidente Lula é agora condenado com inexistência de provas. Com
efeito, a própria peça acusatória dos procuradores reconhece que não há
provas materiais contra o ex-presidente, além do depoimento de um réu
que sabia que poderia ser libertado caso acusasse Lula, como é de praxe
nos processos promovidos por juízes e procuradores que atuam, em regra,
de forma claramente seletiva e partidarizada e com base apenas em power
points, ilações e hipóteses probabilísticas construídas arbitrariamente.
Mas, na lógica paradoxal que prevalece nesses processos kafkianos
contra lideranças populares, a ausência de provas se converte em prova
cabal. Nesses processos, prevalece também o atropelamento dos direitos e
garantias individuais, o abuso das prisões temporárias como instrumento
de tortura psicológica para forçar delações, conduções coercitivas à
margem da lei, vazamentos ilegais e seletivos de informações sigilosas e
toda sorte de agressões à constituição brasileira e aos tratados
internacionais relativos aos direitos humanos. Com a desculpa de que
ninguém pode estar acima da lei, colocam-se cidadãos, inclusive Lula e
seus familiares, abaixo da proteção da lei e à margem do devido processo
legal e do amplo direito à defesa.
Lula representa tudo o que a oligarquia reacionária e antidemocrática
odeia mais. Lula é aquela pobre criança do sertão nordestino que
deveria ter morrido antes dos 5 anos, mas sobreviveu. Lula é aquele
candidato popular que não devia ter chegado ao poder, mas chegou. Lula é
aquele presidente que devia ter fracassado, mas teve êxito
extraordinário governando para todos.
Lula é o pobre que devia ter ficado em seu lugar, nas senzalas da
exclusão, mas não ficou. A luta pessoal de Lula se confunde com a luta
coletiva do povo brasileiro. Por isso, o ódio a Lula cultivado e
estimulado pelas oligarquias brasileiras e seu braço midiático. Para
eles, Lula não deveria sequer existir.
Mas existe. Existe e não será jamais amordaçado e acorrentado. Ao
contrário dos golpistas, que se nutrem do ódio, Lula se nutre da
esperança de dias melhores em um Brasil para todos. Inclusive para a
minoria que foi artificialmente adestrada a odiá-lo.
Lula é uma criação genuína do povo do Brasil. É a sua cara, o seu
coração. Lula está no filho do pedreiro que virou doutor. Na mãe que
hoje consegue alimentar os seus filhos. Nas águas que hoje regam o
sertão nordestino. Na luz para os que viviam nas trevas.
Lula é o sonho da vida digna. Lula é a esperança da conciliação do
Brasil. Somente eleições diretas com a participação de Lula poderão
superar a gravíssima crise política, econômica e institucional do país.
Encarcerar Lula significa manter o Brasil numa crise insolúvel. É
agravar o quadro de conflito que aprisiona o país.
Não se pode aprisionar o sonho, não se deve encarcerar a esperança. Não se acorrenta o coração de todo um povo.
Haverá reação. Nacional e internacional. Em todas as instâncias, em
todos os foros, no Brasil e no mundo, essa escandalosa injustiça será
denunciada. Esse novo golpe contra a democracia brasileira será
condenado, pois sem Lula, a única liderança capaz de se opor à agenda
destrutiva do golpe continuado, as próximas eleições brasileiras serão
uma gigantesca fraude.
Sem Lula, não haverá democracia. Haverá fome.
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